LULA, O FILHO DO BRASIL

 

Depois de acusações de oportunismo eleitoreiro e distorção de visões e motivações políticas, Lula enfim chega aos cinemas. Chega e não arremata grandes marcas, pois a visão dos fatos que Fábio Barreto entrega vem com os dois pés fincados em aspectos melodramáticos pobres.

Lula, o Filho do Brasil é a história de um homem comum. Da infância sofrida até a luta pelos direitos da classe operária, toda a intenção de desbravar o homem que hoje nos representa vem mastigada para o espectador sob a imposição de uma trilha sonora quase fúnebre. Barreto o mostra em momentos de descontração e de tristeza, mas nunca muda seu ponto de vista e muito menos se afasta de Lula, talvez para não deixar nosso inconsciente trabalhar, pois o peso da obra vem de sabermos quem é, de fato, o tal Luiz Inácio. A narrativa, por se aproximar demais do protagonista, inibe diálogos maiores de coadjuvantes, como Lindu, personagem vivida por Glória Pires de forma primorosa.

Tal escolha leva Barreto a um bem necessário: O endosso e posicionamento de bons diálogos. Mas seu proceder é falho, pois volta e meia eles caem na previsibilidade ou num jogo de cintura para cumprir obrigações contratuais, sem se importar muito em acumular os fatos e sim comprar uma indulgente  corrida contra o tempo.

No geral, Lula, o Filho do Brasil consiste em uma série de elipses que registram momentos mais relevantes da vida do presidente – alguns desconhecidos e delicados o bastante para não ganhar um aprofundamento maior para evitar discussões políticas – carregados significativamente de elementos cinematográficos manipuladores, mas sem conseguir fugir da pieguice de um frágil melodrama.

★★
Lula, o Filho do Brasil (Idem, Brasil, 2010) de Fábio Barreto

7 comentários:

  1. Apesar de parecer fraco - o trailer já demonstra isso - quero assistir para tirar as próprias conclusões sobre qual a real intenção de produzir um filme tão caro como esse em ano de eleições...

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  2. Desde que começou sua divulgação não imaginava que fosse um grande filme mesmo, mas ainda assim quero ver.

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  3. Prefiro não perder tempo!

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  4. cara, eu vou ver isso aí amanhã. sério, tenho medo naum.

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  5. Não espero absolutamente nada do filme. Só tenho medo mesmo do quanto o retrato pode ser superficial.

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  6. Vi ontem. Também achei apenas regular. E ao contrário de muitos criei boas expectativas em relação ao projeto, o que talvez tenha acentuado minha decepção. Achei a primeira metade (principalmente seu início onde é retratada a infância sofrida tanto em Pernambuco com em Santos) bem melhor do que a segunda (onde vemos o Lula sindicalista). Seu grande trunfo é mesmo seu elenco, com Glória Pires maravilhosa e um Milhem Cortaz marcante. Sem falar na grata surpresa Rui Ricardo Diaz como Lula (ainda que tenha me incomodado um pouco o fato dele não manter o timbre de voz do Lula real o tempo todo). Abs!

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  7. cinematograficamente é de uma pobreza!!E politicamente é de um oportunismo inacreditável!

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