O debut diretorial de Afonso Poyart coloca a experiência diante da questão da identidade. Explicitamente apoiado na linguagem de videoclipes e de filmes publicitários, Poyart dá ao seu filme o frenesi do corte e o efeito didático de ilustrações produzidas unicamente para o deleite visual, enquanto a trama – o plano de Edgar (Fernando Alves Pinto) de colocar criminosos e corruptos em colisão –, agarrada a velocidade obrigatória e gerencial dos tempos atuais, consegue mais alarde por sua matéria prima. Afinal, erroneamente, ser rápido significa ser moderno.
Nomes como Zack Snyder (Sucker Punch – Mundo Surreal), Mark Neveldine (Adrenalina), Brian Taylor (Adrenalina), Quentin Tarantino (Bastardos Inglórios) e Guy Ritchie (Sherlock Holmes – O Jogo de Sombras) servem de parâmetro, mas ao contrário de filmes destes diretores, o longa de Poyart tem desenvolvimento em blocos: a narração em off é o único elemento capaz de uní-los. 2 Coelhos acerta ao flertar com o humor – outra tendência “moderna” que dilui a seriedade do tema, posicionam os personagens como antagonistas e se firma como a única proximidade com a identidade nacional.
Este é o maior acerto do filme e possibilita o raio-X dos personagens a partir desta idéia – mesmo que os estereotipando. A narrativa rocambolesca luta para condensar o cotidiano da capital paulista e lembrar que acima da rotina existe uma a teia de corrupção que nos atinge diretamente. Porém, 2 Coelhos não deixa claro ao que veio: o fetichismo visual não é aliado direto da suposta versatilidade do roteiro. Mesmo sendo carro-chefe do filme, ele é motivo de saturação e não de suporte narrativo e muito menos do panfletarismo sugerido.
2 Coelhos (Idem, Brasil, 2011) de Afonso Poyart
O final não fez o menor sentido e o filme deixa enormes buracos/falhas no roteiro. Pode até ter sido genial nas sacadas com os efeitos especiais, mas neste caso não cobriu a falha do roteiro. Nada faz sentido e no fim o roteiro usa argumentos simples para escapar de situações complexas demais. Não curti.
ResponderExcluirMuita coisa mal explicada no roteiro. Perguntinha: quem é o protagonista do filme?
ResponderExcluirO melhor filme do ano, com certeza! O final é o melhor, recomendadíssimo; claro, precisa ter um pouco de inteligência, o filme chama o espectador à pensar, várias vezes, e a raciocinar sobre o que realmente as pessoas querem e o que elas pensam. O diretor soube muito bem escalar os atores, que por sinal são excelentes. Assistirei novamente para sacar as pegadinhas e claro o DVD já esta garantido.
ResponderExcluirEu acho que apelaram pra violência, mesmo que psicológica, e o roteiro deixa muitos furos. Um exemplo: como o Edgar iria pegar o dinheiro da mala se ela simplesmente expoldiria quando o deputado se aproximasse dela? Outro: como a Julia sabia do esquema do chip de afastamento se ela ao menos sabia da existência do chip de aproximação? Outra: o personagem do Caco Ciocler sabia que no final ficaria com a Julia? E mesmo assim aceitou que ela fosse namorada do Edgar? Enfim, achei meio mirabolante o roteiro, que encontrou saídas muito fáceis para situações complexas. Como uma gangue inteira armada até os dentes se infiltra numa suíte presidencial? Enfim, vale a pena ver, mas rolou uma pretensão aí na parada. E a atuação da Alessandra Negrini não está boa, ela parece não ter se encontrado no papel. Sua atuação não condiz com uma promotora pública, que lida com casos e pessoas dos mais diversos. Parece uma adolescente. Sei lá, esperava mais…
ResponderExcluirTudo caminhava bem, mas não gostei do final…nem um pouco
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