Antes da análise da natureza do mal e seu curso hereditário, Precisamos Falar Sobre o Kevin é sobre o instinto materno, inabalável e imutável. A transposição do livro de Lionel Shriver para as telas é rica em alusões imagéticas e utiliza as possibilidades do cinema como base narrativa.
Antagônico à era do patriarcalismo, Precisamos Falar Sobre o Kevin é a afirmação da figura da mãe na intensa relação de insatisfação e desencontros entre Eva (Tilda Swinton) e Kevin. O espaço de não-reconciliação referente a R.W. Fassbinder está no conflito de gerações. Eva e seu marido Franklin (John C. Reilly) vivem à margem da maturação da mente de seu filho, desde pequeno propenso ao sadismo. A partir da postura que oscila entre a submissão e a mágoa da mãe e o implícito descaso do pai, a questão da natureza do comportamento frio e calculista de Kevin. O comando de Lynne Ramsay é concentrado na desconstrução da manipulação na instituição familiar.
Sem respostas para a busca do grande culpado de Kevin ter se formado um monstro, Ramsay constrói um filme claustrofóbico e pungente, mesmo usando macetes saturados no modelo do novo cinema americano ao utilizar o mecanismo do melodrama – este que cria obrigações em obter motivos e respostas para ações e conseqüências, sem espaço para a contenção de informações e motivações sobre os personagens.
Precisamos Falar Sobre o Kevin (We Need To Talk About Kevin, Reino Unido, 2011) de Lynne Ramsay
Nenhum comentário:
Postar um comentário