No primeiro ato de A Guerra Está Declarada é possível ouvir o choro do pequeno Adam cobrindo diversos diálogos que no fim buscam respostas para a agonia do garoto. Apenas um traço autobiográfico do filme de Valérie Donzelli, que ao passar para as telas a luta pela cura do câncer de seu filho cria outro embate: contra o melodrama.
A  tal “guerra” do título é contra contratempos que o tratamento impõe  como a incerteza do futuro, as regras dos hospitais e o mundo que Romeo (Jérémie Elkaim)  e Juliette (a própria Valérie) tiveram que abandonar para o bem de seu  filho. A força sensitiva dos pais contra a medicina – que ganha  criativas alusões ao papel de Deus dentro do sistema de saúde francês –  dá à Valérie possibilidades para a fuga da obviedade que o tema traz.
Flertes  agudos com diversos gêneros criam artifícios desconexos e a sensação de  desorientação, com pouquíssimos acertos, como a brincadeira com o  suspense, utilizando um plano aberto estático e silencioso como  representação do estado de espírito do casal. Porém, outras apostas como  sequências musicais e o uso de elementos extra-tela para ilustrar o  desespero dos protagonistas são gratuitos.
Espírito  este que Valérie tenta imprimir a todo custo compondo um mosaico de  reações à doença de Adam. A resposta está na narração em terceira pessoa  que nos situa de forma rasa ao drama da família.
A Guerra Está Declarada (La Guerre Est Déclarée, França, 2011) de Valérie Donzelli

 
 
 
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