AQUÁRIO



No subúrbio inglês, a diretora Andrea Arnold mostra que a influencia direta da mídia pode causar danos irreversíveis, enquanto desconstrói um sentimento claustrofóbico que faz uma clara metáfora com o título do filme. O sentimento vem de Mia, menina de quinze anos que faz as decepções rotineiras evaporarem pelos poros através da dança.

Mia é fruto de um lar disfuncional. Claramente criada pela TV e pela música, ela e sua irmã trocam farpas e xingamentos por motivos banais diariamente. Os valores distorcidos já são aparentes desde o início do filme. Ela se comporta como adulta.  Entre cenas de brigas e uso de drogas, o cinema de Larry Clark é lembrado, mas a comparação se esvairece em poucos minutos. Enquanto as meninas crescem rápido demais, a mãe faz o caminho inverso; faz festa diariamente, não procura as filhas e está mais interessada em garotos. Este amadurecimento de Mia talvez seja um simples instinto para não seguir o exemplo dado em casa, até mesmo para tratar o novo namorado de sua mãe, mas sua imaturidade é exaltada em momentos extremos.

Mia desce a ladeira na busca de uma saída, mesmo que possa parecer errado, o que importa é sair deste aquário, onde ela parece viver numa competição onde o ego é o ponto de largada. Andrea Arnold nos dá a sensação de acompanharmos a história pelas costas da garota, correndo junto com a menina com o exacerbado uso de steady cam e em overshoulder, mas principalmente quando as silhuetas dominam a tela.

A sensação que transparece é que tudo que Mia toca, morre. O sentimento pela família, pelos amigos, os sonhos e até mesmo por um indefeso cavalo, terminam de forma trágica. Quando se depara pela tão almejada vida adulta, ela percebe o quão nova é nessa altura que o aquário pode ter o seu valor ou realmente esquecido. Insegurança essa que a diretora também carrega em si para construir o seu filme quando se estende em detalhes já captados pelo público.

Aquário (Fish Tank, Inglaterra, 2009) de Andrea Arnold

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