A mãe que provoca o filho. O filho que não se esforça para entender a carência da mãe. Em Eu Matei a Minha Mãe, o que vemos é uma relação contemporânea usando a urgência de se obter respostas e de se adaptar a realidades distintas, que obviamente calham em explosivos conflitos.
O embate entre os dois é intenso e diário. Um tenta manipular o comportamento do outro através de chantagens emocionais e com o efeito da culpa. Os abismos da idade e de costumes só exaltam a sensação de asco de Hubert pela mãe. Ele abriga em sua mente uma confusa relação com sua mãe, enquanto vive uma época de descobertas. A mãe parece distante de ter um sentimento materno. Hubert se sente a vontade na casa de seu namorado, mas também carrega um sentimento avesso quando vê sua sogra feliz, mantendo um harmonioso lar.
A manipulação de Chantale às vezes passa da pré-destinação. O cotidiano serve de trampolim para mais uma explosiva briga. A relação entre os dois oscila entre a mais ofensiva discussão ao repentino acordo de paz, concedida sem esforço de palavras feitas para selar tal amor entre mãe e filho com cenas artesanais sem elementos artificiais e outras que seguem a cartilha oposta. O talento na direção de Xavier Dolan é exaltado por dividir a câmera e o posto de protagonista do filme com louvor. O texto também escrito por Dolan garante a dinâmica do filme, enquanto a estética tem resultado irregular.
Neste martírio diário, ambos tentam se livrar ou acertar as contas a sua maneira. Enquanto Hubert vive o ápice de sua juventude, Chantale parece usar de saídas mais urgentes para não se render a um pensamento depreciativo. A latente pergunta de Eu Matei a Minha Mãe é: Hubert não está preparado para se relacionar com pessoas que vivem outra realidade ou sua mãe que não está preparada, mesmo dezessete anos depois para criar um filho?
★★
Eu Matei Minha Mãe (J'ai Tué Ma Mère, Canadá, 2009) de Xavier Dolan
Eu tenho alguns problemas com o cinema canadense, mas fiquei chocado com a premissa deste filme. É o tipo de fita que me atrai por conter um roteiro forte.
ResponderExcluirNão conhecia a fita, mas parece uma historia interessante e forte.
ResponderExcluirAbraço!!!
Adorei cada momento do filme!
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