A TODA PROVA


É possível se enganar pelo prólogo de A Toda Prova, novo filme de Steven Soderbergh: um tour de force estilístico com constante troca de cores, subversão no timing entre diálogo e ação e movimentos de câmera. Porém, a empolgação inicial logo debanda para a mesmice dos thrillers de ação atuais, onde protagonismo e antagonismo se convergem e dão o ritmo narrativo barroco necessário.

A inventividade do início é tão impactante que apaga qualquer nuance criativo no decorrer do filme – infelizmente, pouquíssimos. Soderbergh se concentra no jogo de interesse e poder que logicamente embala cenas de ação violentíssimas bem conduzidas com o apoio de uma justificativa rasa acompanhada da contagem regressiva de personagens vivos, prova de um roteiro truncado, talvez pela proposta de minimizar e satirizar o produto, algo feito anteriormente com Confissões de uma Garota de Programa e Onze Homens e Um Segredo – chamados pelo próprio Soderbergh como “filme de férias”.

Com esta abertura, Soderbergh faz um filme para o movimento – tão intenso e instável como a carreira de seu realizador -, displicente na busca de artérias para seu desenvolvimento, com encadeamento simples e o necessário tempero de ironia, que amplifica a postura do diretor diante do público e do mercado cinematográfico.

★★
A Toda Prova (Haywire, EUA, 2011) de Steven Soderbergh

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