Coriolano surpreende em diversos aspectos: transpassa de forma sóbria para atualidade a tragédia homônima escrita por William Shakespeare em 1608 mantendo seus diálogos. Ralph Fiennes, em seu debut diretorial, impressiona pela ótica e tendência de cinema de autor, esquivando-se de gêneros e banalidades em um filme que envolve conflitos hoje exaustivamente usados. O diretor (e também protagonista em atuação expressiva) usa este método inusitado para subverter as idéias e colocá-las em seu local de origem. Simples e puro.
Sem destoar do tom trágico e da verborragia comum do autor, a luta de um homem contra sua natureza escorre para o embate com a corrupção de caráter e política – assunto que nunca será obsoleto - e analisa a vaidade como pedra de tropeço para o homem. Ela engole a justiça, os ideais e a paz.
Fiel à obra de inspiração e inteligente em sua adaptação no aspecto visual, Coriolano, ainda que seja prejudicado por conta de um epílogo desritmado e sem freqüência com o resto do longa, possui justificativas necessárias para sustentar sua qualidade até a belíssima sequência final, onde pessimismo e vísceras são colocados em cheque.
Coriolano (Coriolanus, Reino Unido, 2011) de Ralph Fiennes
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