Tema recorrente nos filmes do chamado novíssimo cinema brasileiro, o processo de produção cinematográfica guia a  narrativa de Strovengah, filme de André Sampaio baseado no argumento de Luiz Paulino dos Santos.  Livremente, o longa vai da fina ironia contra dogmas religiosos,  cartilhas cinematográficas ao eterno conflito entre criador e criatura –  no caso o diretor Pedro (Otoniel Serra) e seus personagens, uma espécie de grupo de marionetes bizarros que cooperam e muito para os delírios do protagonista.
Strovengah se configura como uma obra de front – de sua cartela inicial que avisa que o filme não teve ajuda de edital  algum ao lamento ao descaso do público a filmes que privilegiam a  poesia à narrativa. Sampaio não se limita em criar simbolismos que  desconstroem o árduo processo de se fazer cinema. Pedro está no alto de  uma serra cercado de personagens (líricos ou não) acompanhado de Marcela  (Rose Abdallah), sua esposa. Mesmo fisicamente avulsos  do erotismo e pragmatismo religioso que os cerca, ele são alvos de  ambos, que remetem à onda de produção de filmes de sexo explícito nas  décadas de 70 e 80 que culminaram na extinção de filmes de gênero no  Brasil e o fechamento de incontáveis salas de cinema para a construção  de igrejas.
De  ataques da censura ao fim da autonomia pelos grandes estúdios, André  Sampaio aprisiona Pedro, que  é a representação de muitos que tentaram  ou que ainda tentam pela marca de autor, autônoma e principalmente pela  possibilidade de criar obras relevantes, sem lobotomias, enlatados e  obras frouxas.
Strovengah (Idem, Brasil, 2011) de André Sampaio
 
 
 
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