Um exercício contemplativo intercedido por representações enigmáticas e metáforas. Mãe e Filha expurga da relação distante de duas mulheres a dor do passado, a ambigüidade do presente e o ilusionismo do futuro no silencioso sertão do Ceará. As memórias ganham vida e se transformam em pesadelo e alívio com a mudança de ótica de cada personagem.
Dirigido por Petrus Cariry (O Grão), Mãe e Filha se atém à ambigüidade quando desconstrói a pureza de vida e morte e sua carga espiritual amplificada pelas ruínas das locações e a beleza da natural que envolve este silencioso caos emocional regido por um tempo abstrato, que não se tem certeza que acontecera. A distância física (capital/sertão) e filosófica (vida/morte e passado/futuro) posiciona a relação de duas mulheres à margem do amor fraterno.
Instigante, o longa de Cariry aborda mundos distintos; aqui, o impacto simbolizado por uma criança leva ao desnorteamento pelo lado inesperado. A filha, sã, resolve então tornar a realidade mais forte numa das cenas mais bonitas do filme. Mas aprende que sem a fantasia (ou espiritualidade) nada tem sentido.
Mãe e Filha (Idem, Brasil, 2011) de Petrus Cariry
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