127 HORAS


Era de se imaginar que a história de um homem preso a uma pedra por 127 horas levasse a um caminho que sua narrativa sustentasse elementos de suspense. Danny Boyle não elimina por completo essa proposta, mas opta por um tour de force louvável ao analisar a perda de lucidez de um homem através de uma desconstrução ilustrativa.

127 Horas guarda resquícios narrativos dentro da dinâmica da linguagem de vídeo-clipe que mantém o ritmo do longa intacto. Para abordar todos os pesos da mente de Aron Ralston (James Franco), Boyle abusa de todas as idéias que tal saída lhe proporciona: tela dividida, fragmentação do tempo e o encontro imagético com seus conflitos, justificados pelo estado físico do protagonista. Como forma de exorcismo e aproximação ao público, lá está uma filmadora portátil.

Ainda sim, o filme possui forças para ser claustrofóbico por analisar a situação como um todo, não apenas no sofrimento do escalador. Mas, por priorizar o monstro interior de Aron, a necessidade de inserir elementos melodramáticos (reforçada pela trilha de A.R. Rahman) desequilibra o epílogo e dá margem ao desfecho brusco e demasiadamente manipulado, visualmente falando.

127 Horas (127 Hours, EUA/Reino Unido, 2010) de Danny Boyle

4 comentários:

  1. Filmão! Belo trabalho de Danny Boyle e James Franco. Abs!

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  2. Pedro, não tive problemas com essa manipulação usada ao final, que realmente está lá. O erro é toda essa montagem frenética, que tira do filme toda a sensação de tempo em uma situação inimaginável que provavelmente foi de uma eternidade para o Aron. Ficar cinco dias e algumas horas com o braço sob uma rocha deve ser insuportável e senti pouco deste sentimento durante o filme. Neste sentido, "Enterrado Vivo" me pareceu muito mais eficiente.

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  3. Nao assisti ainda, embora já dei um voto de confiança por conta da direção do filme. Além do que não é tarefa muito fácil fazer filmes deste tipo, onde temos praticamente um personagem no meio do nada ne? Estou curiosa pra ver a tal cena que causa desmaios e vomitos, rs É pra tanto mesmo será?

    Abs!

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  4. Nossa, desacredito quando escuto que teve alguém que passou mal e etc vendo esse filme! Achei que fosse só mídia em cima, pelo visto não né? Eu gostei do filme, mais que o "Enterrado Vivo". Este último não me prendeu nem um pouco a atenção, chegou a me dar sono.

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