O VENCEDOR

Christian Bale Mark Wahlberg

O fato de O Vencedor ser baseado em uma história verídica não o tira de um conceito. O velho conto da superação, unido ao indigesto olhar direitista maquiado pela dupla nacionalidade de Micky é o elemento que impulsiona a narrativa. Como Rocky – Um Lutador fez na segunda metade dos anos 70, O Vencedor exige as mesmas motivações do espectador, mas desta vez sem a sinceridade da obra de baixo orçamento que consagrou Sylvester Stallone.

David O. Russel dá dinâmica à história de uma família em cacos que depende financeiramente de Micky (Mark Wahlberg, boxer  que vê sua carreira em queda prematura) e Dicky(Christian Bale, ex-boxeador e  entregue às drogas) através de conflitos densos. A contemporaneidade e a forma com que o diretor aborda assuntos delicados são virtudes do roteiro, realçados e sustentados por atuações primorosas de  Bale, Melissa Leo e Amy Adams. Sem subtramas, limitado sempre à geografia das cenas e a um só núcleo, O. Russel destroça o efeito causa-consequência nas diversas esferas que cercam Micky.

O clímax, obviamente passado dentro de um ringue, parece truncado, forçado demais. Sua existência é questionada dentro da diegese. O desleixo com sua decupagem é perceptível e não enfrenta a onisciência e pulgência da relação conturbada dos personagens. Por outro lado, a sequência é a epítome do que o cinema americano sempre pregou e vai de encontro com o caminho tortuoso que o diretor criou para imprimir a realidade de um país nem tão perfeito assim.

 
O Vencedor (The Fighter, EUA, 2010) de David O. Russel

3 comentários:

  1. Como vai? Considerei muito agradável seu trabalho na web, e resolvi deixar esse recado! Parabéns por isso, e continue com sucesso!

    ResponderExcluir
  2. É, o pessoal tá reclamando do clímax. Eu não reclamo porque, como em todo filme de boxe, estava empolgadíssimo e quase comemorei no cinema passando vergonha. Mas pareceu um tanto incisivo aquele corte que encerra a comemoração e parte para a última cena, já com eles no sofá. Porém, gostei muito, dei nota 8. A direção do O. Russel me chamou muita atenção, as cenas de lutas são muito realistas e gostei da condução, além de tomadas bonitas, deixa o espectador bem próximo de tudo.

    E acredita que até hoje não vi Rocky? xD

    []s!

    ResponderExcluir
  3. Um dos melhores textos que você já escreveu. Fácil de ler e entender.

    ResponderExcluir

TRÊS AMIGAS (Emmanuel Mouret, 2024)

  Parece uma extensão de Chronique d'une liaison passagère e Love Affair(s) com olhar menos formalista de uma teia de amores e tragédi...