A recepção calorosa da crítica a Separados pelo Destino durante o Festival de Cinema de Torono traduzia a euforia à escassez de filmes além da temática marcial na China. E o calor deve parar por ai. Pois o filme de Feng Xiaogang (baseado na obra de Ling Zhang) é a síntese da má realização dramatúrgica e composição melodramática de um longa. Nos primeiros minutos, onde Xiaogang procura o seu ponto de desenvolvimento narrativo – no caso, o terremoto que destruiu a cidade de Tangshan em 1976 e que separou dois irmãos gêmeos – naquilo que conhecemos como filme-desastre numa sequência longuíssima e de estética chocante e igualmente duvidosa, questionei-me se assistiria uma obra megalomaníaca calçada no ideal do cinema-espetáculo ou um capítulo estendido de alguma novela mexicana.
A partir daí, qualquer esperança de nuances narrativos pode ser anulada. Desenvolvimento e resoluções de conflitos são tão pobres que o filme se sustenta apenas pelo ritmo. É claro que a história chega ao limite do apelo melodramático e que pode conquistar corações mais sensíveis, mas a linha entre tributo e apelo em certo momento deixa de ser tênue, principalmente por escolhas tão óbvias para ilustrar a proximidade dos irmãos que viveram sob a sombra desta tragédia.
Xiaogang parece perdido; ilustra o óbvio e dispensa os conflitos, sempre com a intenção de entregar uma obra agridoce, sem ferir sentimentos de sua audiência, numa inevitável comparação - novamente - a uma novela, que segue um padrão máximo de frieza e acomodação referente ao seu público. Assim, elimina-se clímax e a calidez necessária para aproximar personagens e desenvolvimento narrativo para identificação ou total interação com o filme.
Separados Pelo Destino (Tangshan Dadizhen, China, 2010) de Feng Xiaogang
Podre...filme demorado e sem climax. O cara simplesmente anulou o reencontro dos irmãos e o da mãe foi de uma xaropisse que quase desliguei o DVD. Acho que censuraram a cena do reencontro...só pode!
ResponderExcluirMeu comentário é muito simples. Na minha opinião o filme traduz perfeitamente o que uma tragédia dessa magnitude pode causar na vida das pessoas. Se entrarmos no mérito fazendo uma análise mais profunda, talvez possamos sentir falta de algum componente para amarrarmos bem a história. Mas acho que não seja este o caso. Se levarmos em conta as questões culturais e todos os traumas envolvidos neste filme, não ficaremos preocupados com clichês tampouco com obviedades. O reencontro com a mãe era muito mais importante e foi mostrado com excelência. Recomendadíssimo...
ResponderExcluirBonita visão crítica meu caro, porém, nada de Mexicano se encaixa em sua visão analista sobre o assunto. Reconfigure antes de definir o audio-visual de seu comentério. Lembrando...é uma obra de cada cabeça, como na sua devem exixtir tantas narrativas...só vamos deixar os autores, que possam se expressar...um abraço.
ResponderExcluirManés!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
ResponderExcluirA cena do terremoto é espetacular, um puxão de orelha nos efeitos hollywoodianos - cada vez mais ridículos pelo abuso da computação. Mas cada cabeça é uma sentença, e cada visão é um cenário próprio.
ResponderExcluirEstranhei não rolar o encontro dos irmãos, sim, mas pode ter sido corte por sei lá quais razões. Melodramas, amigos, como não haver num roteiro cujo cenário é uma tragédia que ceifou mais de 400 mil vidas.
É fácil apelar à crítica da razão, mas às vezes também é saudável se deixar levar, como numa aventura. Não tenho nada contra melodrama, desde que com um bom fundamento. E esse filme tem um bom fundamento - além de tratar de uma questão cultural fortíssima e ligada à doutrina budista - como a cena da filha que entra na sala e vê a foto dela ao lado da do pai e, na mesa, as oferendas diárias da mãe.
Assim, no conjunto, nota 10. Recomendo sim, aliás, já recomendei. Aplaudo todos os comentários sensatos, prós ou não. Meu respeito a todos.