A intensidade com que Darren Aronofsky rege a transformação do belo em trágico através da literal metamorfose do artista em arte utilizando aspectos distintos e aparentemente sem encaixe coroam o choque em Cisne Negro.
Aronofsky está à procura da representação do abstrato, do caótico, da interminável guerra da autodestrutiva mente de Nina (Natalie Portman), seja nas imagéticas metáforas - onde boa parte delas acopla elementos do suspense e até mesmo do gore – ou na decupagem de seus planos, que praticamente coreografa sequências de câmera na mão e planos mais abertos, como se cada cena guardasse seu momento de bonança e tempestade.
O balé, fonte de inspiração do roteiro originalmente escrito por Andrez Heinz, justifica tamanha distinção de elementos usados pelo diretor. É possível compilar cenas tensas, fortes com a sutileza dos passos de “O Lago dos Cisnes”. O rito de passagem do cisne branco para o cisne negro requer calos, dor, descobertas, decepções e a chance para o recomeço.
Justamente neste ponto que Cisne Negro se transforma em campo de qualquer possibilidade, do belo, do grotesco, de saídas tacanhas ou geniais dependendo de sua interpretação. A graça é essa. Interagir dinamicamente com o improvável.
★★★★★
Cisne Negro (Black Swan, EUA, 2010) de Darren Aronofsky
muito bom artigo…
ResponderExcluirkkkkkkkkkkkkkkkfoi ile1rio esse post,ne3o vou assistir ente3o,como se eu cgiseounsse assistir algo depois que o davi nasceu..kkkk ameiiiiiiii teu blog , tua filha e9 uma princesa, amiga sou de santana do livramento , mas to morando em sao leopoldo, vou fazer a festinha do davi la, pois o pessoal nao tem como vir…que bom ter uma amiga blogueira aqui pertinho..bjusss
ResponderExcluirSim, pode ser produto. Não tenho absolutamente nada contra ter dinheiro e interesses mercadológicos envolvidos, desde que não desvirtue a essência do objeto de troca. Os produtos são afetados por uma tendência a vulgarização, mas não necessáriamente têm que ser vulgar. O Cisne Negro é um caso que foge a regra.
ResponderExcluirAchei impressionante como o Darren fez um filme praticamente preto e branco – como se vê na direção de arte e fotografia e figurino -, predominado por uma oposição dessa cores e da imagem refletida e fragmentada. E isso deixou a experiência muito mais interessante, como uma forma de materializar aquela obsessão da Nina. Adorei o filme, daqueles que a gente fica sem saber o que fazer quando acaba, muito intenso. Quero assistir de novo, uma vez não bastou.
ResponderExcluirO bom de vir aqui é não me deparar com um texto genérico sobre um filme. Legal, pedro.
[]s!
De certa forma, a arte, no caso o balé, é uma forma de diálogo sincero com o mundo. Ela Se não for sincera, é produto. E a técnica, a forma, por sí só, não sustenta a atividade enquanto arte. Me parece que o filme discute, usando a arte, o quanto você tem que se descobrir e abrir caminhos dentro do seu ser, para ter uma relação completa com as coisas. Se a Nina se fecha nela mesma, não seria artista nem uma pessoa completa nunca. Afinal, a apresentação não se restringia ao Cisne Branco. Pra superar qualquer coisa na vida, temos que nos permitir enfrentar um lado aparentemente negro. A arte nada mais é do que uma materialização da vida. Você vê outra interpretação ou intenção muito diferente dessa no filme, Pedrinho? abc, garoto. o site tá demais.
ResponderExcluirO culto a forma é presentear alguém com algo roubado do quarto do aniversariante. A vontade de satisfazer é nobre, mas o eterno retorno do agradecimento faz de todos prisioneiros em liberdade condicional do artifício. A chave da sua cadeia é seu inimigo oculto. Um quarto negro que você nunca esteve antes. É escuro, causa esbarrões, que trazem hematomas. Mas você vai sentir o seu corpo doer ao tatear os objetos. É preciso sentir os contornos pra achar algo belo, digno se der entregue ao próximo. E no dia da troca dos presentes, você vai conseguir ver onde estão o hematoma, descobrir que foi causado pela quina de uma mesa, e se surpreender com com a escolha Quem receber vai ficar com ele, não tem loja pra fazer a troca. Cisne Negro mostra que não se conhece a vida olhando pro espelho, tem que tatear a dor no escuro.
ResponderExcluirDireção e edição à parte, Natalie deu um show de dupla identidade. A fragilidade do cisne branco de Nina quase me fez esquecer todas as personagens fortes e temperamentais que tinha feito anteriormente.
ResponderExcluirNão dá pra deixar de falar de como usar efeitos de forma inteligente e sem clichês, misturando o drama ao suspense e ao surrealismo.
Adoro ficar confusa e o filme conseguiu fazer isso comigo.
Mas confesso estar bem dividida em meu favoritismo entre "Inverno da Alma" e "Cisne Negro", entre Natalie e a jovem Jennifer… como quase sempre eu durmo frustrada com os resultados do Oscar… rs
Pretendo ver o filme antes de falar qualquer coisa. MAS, como realmente não consigo permanecer calada, espero que a atuação da Nat (Natalie Portman para os menos íntimos) me deixa de boca aberta, assim como sua beleza
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ResponderExcluirUm filme que, infelizmente, não é o favorito da Academia e provavelmente perderá para o insosso 'A Rede Social' mas que, para mim, é o melhor filme da época. É perturbador, insano, genial... é Aronofsky e sabemos que todo gênio é incompreendido em seu tempo. E sabemos também que nem sempre os filmes premiados pelo Oscar são os mais memoráveis.
É filme de arte, nem todos compreenderão, embora atualmente a moda seja gostar do bizarro e muitos se agarraram ao longa pela protagonista queridinha.