Em sua filmografia, Peter Weir tem a característica de levar personagens a extremos para, então, estudar e exibir seus conflitos internos. Caminho da Liberdade mostra uma nova abordagem dentro desta logística de Weir: traçar um paralelo entre seus limites na adaptação da obra de Slavomir Rawicz.
Para reconstituir a história de fugitivos de Stalin que foram a pé da Sibéria até a Índia, Weir expõe seus personagens a cada minuto. Neste caso, a força do longa não está no martírio. O discurso libertário é silencioso. Através da luta pela sobrevivência destes homens – pestes, tempestades, fome, sede, calor, frio são alguns contratempos abordados –, fora o lado humano no qual a narrativa envolve até o mais duro dos corações, Weir passa do dogma de histórias de perseverança e superação.
A variável está nas elipses, que apresentam o desgaste físico e emocional, além da crescente empatia entre os personagens, que imediatamente se espelha no espectador. Neste momento, o fio político dá lugar ao existencial, onde o longa se sustenta pela força dos personagens.
Pela duração demasiadamente longa, Caminho da Liberdade soa redundante na abordagem dos conflitos. A narrativa intensifica as relações sem esbarrar em clichês deste subgênero e sai-se de forma articulada, com bom ritmo, e sabe medir as doses panfletárias.
★★★
Caminho da Liberdade (The Way Back, EUA, 2010) de Peter Weir
Mesmo que não seja uma obra-prima, um filme do cada vez mais intermitente Weir sempre será bem-vindo.
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