Rabbit Hole (título original do filme) é o termo utilizado para o uso de drogas ou para o túnel que levava Alice para um universo paralelo em Alice no País das Maravilhas. A metáfora usada por John Cameron Mitchell no filme adaptado da peça teatral de David Lindsay-Abaire é a da dimensão da dor.
Mergulhando no martírio emocional de um casal após a perda do filho, Mitchell vai, gradualmente, construindo a ambígua relação de Becca (Nicole Kidman em sua melhor atuação em anos) com o luto. Ela representa a ausência em todos os sentidos, gerando cenas memoráveis, onde o incômodo é pulgente. Com a recusa de enfrentar a dor, Becca suga o pessimismo e o transforma em conforto e egoísmo, vivendo em outra realidade confrontada por elementos externos: a gravidez da irmã, a precoce morte do irmão.
Howie (Aaron Eckhart em ótimo momento) representa a maior engrenagem da narrativa; Fora do Rabbit Hole, ele é resignado a passar pela dicotômica situação de tirar sua mulher desta imersão e o inevitável sofrimento pela ausência do filho. As cenas mais intensas estão nos conflitos indiretos do casal. As explosões são previsíveis, mas Mitchell sabiamente coloca o silêncio ou diálogos torpes como demonstração de insatisfação por parte de Howie, que também procura outras maneiras de descarregar – principalmente quando o tormento ganha personificação.
O título em português vem do reflexo natural de lutar e seguir em frente. Porém, o que o filme explora intensamente é o desconforto gerado por uma situação extrema e a relação de quem está próximo de um casal em luto em situações cotidianas.
★★★★
Deve ser um filme que permite seus atores explorarem bem seus personagens. Desejo assistir e ver Kidman, Wiest, etc.
ResponderExcluirJá assisti esse filme e é extremamente parado… A história é muito boa, mas a abordagem é paradíssima! Um pouquinho de paciência pra assisti-lo.
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