OS AGENTES DO DESTINO


O provérbio que é melhor não trocar o certo pelo duvidoso cabe ao diretor debutante George Nolfi, que se apega ao modelo constituído a levar grandes públicos às salas de cinema. Baseada na obra Adjustment Team de Philip K. Dick, Os Agentes do Destino, apesar de ensaiar imersões em analogias, se resume ao que se vê. Um filme de ação literal.

Sob o ritmo frenético da edição – se possível, atente ao intervalo entre os cortes, não há Mark Neveldine ou Brian Taylor que aguente –, Nolfi rege a história do deputado David Norris (Matt Damon) que é impedido de viver a paixão pela dançarina Elise Sellas (Emily Blunt) por conta do destino, aqui, personificado por agentes que zelam pela vida de um possível futuro presidente. Por trás da alusão religiosa e a lobotomia política, a engrenagem está mesmo na ação que Norris aos poucos cria para furar os bloqueios do “destino”.

Nolfi consiste seu trabalho à criação da aura fantástica ao protocolado thriller, baseado num imaginário coletivo, e que funciona muito bem. Damon e Blunt repetem os maneirismos que o modelo pede. A aventura segue linear e funcional até seu último ato, quando escorrega na maior obrigação do cinemão americano. Aparar horizontes pela cartilha neste caso também rende fraquezas ao roteiro. Porém, Os Agentes do Destino se impõe como escapismo e não como entusiasta da analise de conspirações.


Os Agentes do Destino (The Adjustment Bureau, EUA, 2011) de George Nolfi

2 comentários:

  1. Legal quando um diretor estreia e acerta. Que ele traga coisas mais ambiciosas no futuro, se tiver talento o suficiente.

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  2. Eu particularmente preferiria que o filme tivesse acabado quando ele escolhe "seguir o plano", apesar de a graça ser exatamente o fato de ele tentar reescrever a história. Não gosto quando tudo começa a parecer forçado… E acho que ele só recupera o fôlego pq o fim "faz sentido". No fim das contas eu gostei muito, e apesar de ter antipatia pelo Matt Damon eu sempre acabo gostando das atuações dele.

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