Abordar seu público com as respostas do fim e as motivações do princípio. O desenvolvimento de O Retorno de Tamara é o que interessa ao diretor Stephen Frears (A Rainha) como a fuga de uma retórica. Invertendo elementos básicos de uma comédia romântica, os personagens viram base para uma tese de lamentação – ou deboche – de nossa pobreza de espírito na adaptação da obra de Posy Simmonds.
Torpes, odiáveis e sempre desconfiados, os habitantes de um condado referenciado por um retiro de escritores vêem a chegada de Tamara como a inevitável catarse para tamanho conformismo; a beleza da protagonista é explorada como a óbvia dicotomia entre aparência e conteúdo, conflitando as facilidades que a beleza proporciona e a prepotência intelectual.
Frears é direto e ácido em suas críticas a partir do modelo escolhido e torna suas intenções mais explícitas com duas coadjuvantes que representam uma licença lisérgica ao texto – explorando a fragilidade e o desgaste de relações pela ironia, moldando o filme aos clichês e às reações exageradas que os leva de volta à dormência e ao conformismo.
O Retorno de Tamara é uma comédia de erros, onde a postura é carregada de indulgência culpável maquiada pela falácia. Como manda a cartilha, o fim é florido e encantado, mas o recado foi dado.
O Retorno de Tamara (Tamara Drewe, Reino Unido, 2010) de Stephen Frears
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