Se para Glauber Rocha o cinema novo tinha a motivação de unir características do “terceiro mundo” com a desconstrução de grandes movimentos cinematográficos como a Nouvelle Vague francesa e o Neorrealismo italiano para o protesto, para o grupo de diretores-atores de Estrada Para Ythaca, o entusiamo vem de utilizar as mesmas ferramentas para homenagear pioneiros do que chamamos de cinema marginal.
O próprio Glauber Rocha e Jean-Luc Godard ganham metáforas em forma de homenagem e agradecimento. A viagem de amigos para Ythaca a fim de relembrar um falecido companheiro, no fim, junto ao pulgente estado de luto onde o silêncio roga o incômodo e as frustrantes tentativas de reviver bons momentos de quem já se foi, vira um pedido de socorro ao cinema.
Cinema que permite que a magia os leve para Ythaca e escolha qual tipo de arte seguir, representado por uma bifurcação no meio do caminho. O mesmo cinema pode representar um espírito através de um tropeção no tripé da câmera ou simplesmente outra abordagem: a experimental. O caminho escolhido está explícito na primeira sequência do filme, quando cantam e recusam a morte entre um brinde e outro; o abstrato pode ser tão sublime em sua mensagem que é possível abraçar a plástica de momentos inusitados e nos levar para diversos debates, aqui, representado por Ythaca.
Estrada Para Ythaca (Idem, Brasil, 2010) de Guto Parente, Luiz Pretti, Ricardo Pretti e Pedro Diógenes
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