O que tem forma pode ser deformado. O que é real pode ser manipulado. Separando o comportamento humano pela graça do Criador – Deus – e a natureza da criatura – homem –, Terrence Malick (O Novo Mundo) utiliza artifícios conhecidos de sua filmografia para estreitar a relação de soberania entre os dois extremos apurados, usando o livro bíblico de Jó como parâmetro.
Através de um fio narrativo – a perda de um filho -, Malick vai para o início dos tempos, literalmente; utiliza sequências de plasticidade perturbadora, que ao passar do filme tornam-se redundantes para representar as contradições humanas – acostumadas a se transformar em louvor ou em saídas instintivas. Ao analisar as criações de Deus - que com o tempo se tornaram a ilusão do poder do homem, ilustradas por carros e fábricas, Malick dilui a fraqueza na construção de cenas fortíssimas no qual Mr. O’Brien (Brad Pitt) transforma o convívio com sua família em martírio.
Para os filhos de O’Brien, a relação com o Criador é ambígua. Afinal, quem é Deus dentro de casa? Devemos segui-lo? É declarado o fim da inocência. Como Jack (Hunter McCracken / Sean Penn), invertendo o sentido de uma das mais citadas passagens da bíblia, diz: “Não gosto do que eu faço. O que eu gostaria de fazer, não faço.”
Dominado pelo onirismo, A Árvore da Vida não esconde sua constatação pessimista às fraquezas da humanidade e compartilha do mesmo gênero narrativo de pilares cinematográficos como 2001 – Uma Odisséia no Espaço e THX 1138. Regido por fades e elipses, o vencedor da Palma de Ouro em Cannes deste ano é irônico com seu feitio: enquanto permeia o citado fio narrativo por todo o filme, sem permitir a dispersão, faz questão de se manter inconclusivo e aberto a múltiplas interpretações com uma única função: derrubar nossas certezas.
A Árvore da Vida (The Tree of Life, EUA, 2011) de Terrence Malick
Achei esse filme chato toda vida. :S
ResponderExcluirO melhor filme do ano. Filmaço. Malick é gênio.
ResponderExcluirPreciso ver o quanto antes =)
ResponderExcluirFilmaço!
ResponderExcluirBacana a crítica.
Bacana o seu blog.
ResponderExcluirCumprimentos cinéfilos!