SUPER 8


Em síntese, o legado de J.J. Abrams (Lost, Star Trek) – agora confortado pelo aval de Steven Spielberg – foi construído pela costura de referências. Super 8, escrito e dirigido por Abrams e produzido por Spielberg, leva este exercício ao extremo. Tributo e plágio neste caso podem vestir a mesma camisa, afinal o resultado será o mesmo.

Para criticar indiretamente a postura evasiva do governo e do exército americano que mudaram o foco da caça a Bin Laden de diversas maneiras, Abrams cria um mosaico de referências a longas oitentistas e constrói um típico disaster movie onde momentos da carreira do próprio Spielberg servem como sustentação. Lá estão citações, seja na idealização dos personagens ou na narrativa, a E.T – O Extraterrestre, Os Goonies, de Richard Donner, Conta Comigo de Rob Reiner, Contatos Imediatos de Terceiro Grau e Guerra dos Mundos, para citar alguns. O modelo narrativo se encaixa na proposta, afinal, o longa se passa no fim da década de 70 e nada mais é que a transposição dos primórdios da carreira de Abrams e Spielberg, no qual produziam filmes em super 8 durante a infância.

Abrams não vende seu filme como uma obra de espírito jovial feito por diretores experientes e que tem todo aparato tecnológico para levar a brincadeira a sério – e assim, invertendo o propósito da história. Neste ponto mora o grande tropeço do longa, que ao adotar os mesmos macetes de roteiros consagrados, implica total dependência da interpretação do público. E assim, aos poucos, Super 8 torna-se uma caricatura do que realmente deveria ser.

★★
Super 8 (Idem, EUA, 2011) de J.J. Abrams

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