A analogia da colisão de dois mundos à relação dos amantes incrustada na primeira metade de Melancolia, novo longa do polêmico - e agora persona non grata em Cannes - Lars Von Trier , se desenvolve a ponto de tornar-se mutante dentro da narrativa, sustentada pela contagem regressiva do suposto fim do mundo. Mas a tensão que rege o longa tem intenções abrangentes.
Sempre implícito, Von Trier desdenha das premiações, do mercado cinematográfico e justifica: “É difícil seguir com estas amarras nas minhas pernas”. Para o diretor, a dança da morte (nome que batiza a colisão da Terra com o planeta que dá nome ao filme) supre a mesma temática de seu antecessor, Anticristo, de 2009, e profetiza a reação negativa da crítica. Como escudo está Justine, personagem de Kirsten Dunst, uma boa intérprete, mas de técnica perceptível. Se o filme protagonizado por William Dafoe e Charlotte Gainsbourg era catapultado pela religião e a origem dos tempos, Melancolia é exatamente o oposto (ciência e o fim), seguindo a fórmula impetuosa que nos acostumamos a ver em filmes como Ondas do Destino e Dogville.
A metáfora também cabe à análise da obra do diretor dinamarquês, que sempre atrela arte ao caos – representados explicitamente pela sequência inicial do filme – e que se desenvolvem na estética crua – herança do Dogma 95 - e nos cacoetes técnicos. A aura pessimista evoca paradoxos existenciais como a fé, fidelidade, saúde e dinheiro e a violência com intensidade necessária para acelerar o ritmo narrativo. Von Trier pode ter apostado e profetizado, mas está longe de ser representado por Justine. Melancolia mostra um autor interessado em seguir o curso natural pós Anticristo, um filme rico em detalhes líricos e estéticos que está na margem do onirismo e abre diversas possibilidades de interpretação.
Melancolia (Melancholia, Dinamarca/Suécia/Alemanha/França, 2011) de Lars Von Trier
Que inveja daqueles com suas cabines...
ResponderExcluirEstou contando as horas para a estreia de "Melancolia" e sabendo que aqui ele direciona sua história para um percurso distinto do anterior "Anticristo" (ao qual não gosto) acredito que o filme tem tudo para superar as expectativas.
Poucos são como Lars.
ResponderExcluirIndescritivel cada filme que faz.
Anseio por Melancholia, talvez esse seja mais um filme demarcado pela contagem do tempo sempre presente.
Lars é um abstrato e espero sentir raiva e amor ao mesmo tempo quando assisto as suas peliculas.
f3tima resenha! Lars Von Trier e9 o maior ptraceia vivo do Cinema atual.vi DANc7ANDO NO ESCURO e me prometi nunca mais ver nada dele. o Dogma foi a melhor coisa que puderam fazer na falta de um assessor de imprensa.ANTICRISTO deve ser o maior engana-jornalista de 2009 [ne3o vi no cinema nem quero gastar banda da minha conexe3o pra baixar]. e o prf3ximo dele e9 sobre um planeta chamado Melancolia mete1fora que je1 vem explicada? que se aproxima da Terra e promete ser um filme-cate1strofe. a gente sabe que vai ser.queria que o Michael Bay encontrasse o mane9 na rua e botasse o pe9 pra ele tropee7ar.
ResponderExcluirJá assisti e gostei muito. Melancolia reafirm a posição de Von Trier como um dos maiores cineastas da atualidade. Longe da polêmica de O Anticristo, Melancolia é verdadeiro primor técnico que conta com um elenco irrepreensível. Mas, infelizmente, o filme já vem sofrendo boicotes por parte de alguns jornalistas. Tudo por causa do marketing suicida do Von Trier - e o diretor só não é bom nisso.
ResponderExcluirNão assisti "Anticristo" e nem esse. Mas confesso que estou mais curiosa por "Melancolia" do que o anterior do Von Trier. rsrs. ;)
ResponderExcluirSe a intenção do seonhr Lars era causar na platéia uma sensação constante de agonia e repulsa, tá de parabéns. Ê filminho nervoso.
ResponderExcluirSe a intenção do seonhr Lars era causar na platéia uma sensação constante de agonia e repulsa, tá de parabéns. Ê filminho nervoso.
ResponderExcluir