Segundo a cartela que abre o longa Pacific, os registros exibidos foram feitos por turistas em uma viagem de fim de ano no cruzeiro que batiza o filme. Na virada de 2008 para 2009, pesquisadores escolheram alguns hóspedes que filmavam a viagem e partir deste material, escolheram momentos mais relevantes para exibí-los.
Pacific, natural e justificadamente, alimenta a estética da imagem sem refinamento, de bruscos movimentos, onde a plástica não é motivo para de prazer. A edição, com fragmentos de gravações de cada câmera, constrói o fio narrativo necessário para localizar o espectador no contexto, mesmo que de forma não linear.
Porém, o que o diretor Marcelo Pedroso discretamente aborda é a quebra da naturalidade em frente às câmeras. Na frente do dispositivo, todos têm algo a dizer, todos escondem seu estado de espírito atrás de sorrisos amarelados e a tentadora oportunidade de exibir dotes artísticos. Maior do que qualquer coisa, esta é a domesticada idéia que a mentira sobressai à verdade na tela.
Além desta interessantíssima observação comportamental, o longa de Pedroso, com o material disponível, constrói personagens cativantes e que ilustram que viagens de férias, mesmo com todo aquele clima obrigatoriamente festivo, podem render momentos de frustração e saturação.
★★★★
Pacific (Idem, Brasil, 2009) de Marcelo Pedroso
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