BALADA DO AMOR E DO ÓDIO


Uma sangrenta fábula sobre redenção aliada ao retrospecto histórico de um país intensamente movido a literal dieta do pão e circo. Balada do Amor e do Ódio caminha pela medida fantasiosa e igualmente violenta proposta de Álex de la Iglesia com toques de humor e ativismo político. O resultado é uma obra caricata.

Mesmo com a intensidade da desconstrução do conflito do protagonista, o palhaço triste Javier (Carlos Areces) - que viu seu pai preso e torturado durante a guerra civil espanhola, o filme não consegue a sustentação necessária para aproximar o espectador para seu desenvolvimento. Tudo graças à duplicidade nas intenções do diretor; se por um lado este conto violento enriquecido pela estética é inflamado pela força psicológica que as origens de um país se espelham em Javier, por outro, as inserções cômicas insólitas dão um tom abstrato ao que o filme realmente se refere. Esta idéia abre a possibilidade de histórias paralelas com o mesmo elenco.

Para provar que físico e emocional podem se equivaler, la Iglesia tenta de tudo num mosaico de referências do gênero marginalizado do cinema (o terror): a subversão do herói, o banho de sangue, a ironia e claro, a união da linguagem pop à violência. Balada do Amor e do Ódio é funcional em alguns pontos, mas sofre da falta de autenticidade.

★★
Balada do Amor e do Ódio (Balada Triste de Trompeta, Espanha/França, 2010) de Álex de la Iglesia

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