Djalioh (livre adaptação do conto de Gustave Flaubert escrito em 1837), tem natureza ambígua: apesar da abordagem poética, o filme é regido pela narração e a questionável imposição da verdade nas imagens de um homem significativo para a inventividade do cinema como Ricardo Miranda – mais conhecido por seu trabalho de montador de A Idade da Terra de Glauber Rocha.
Djalioh é metade homem, metade macaco. Observador e mudo – alusão à posição do espectador -, ele se apaixona por uma mulher de casamento marcado. Miranda, além de unir a posição de narrador, protagonista e metáfora à questão do instinto em jogos de elipses e devaneios poéticos, sempre usa a dispensável reconstituição, impedindo a interação completa do espectador ao criar versões particulares da história e a ligação aos primórdios do storytelling.
A ausência de insinuações dá a Djalioh a formalidade que vai de encontro com tudo que o filme construíra; um filme de baixo orçamento e livre das amarras do processo de produção cinematográfica que deixa de ser literatura para se tornar ilustração.
Djalioh (Idem, Brasil, 2011) de Ricardo Miranda
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