O paralelo entre o martírio – aqui transparecido para o vigor físico de Georgy (Viktor Nemets) – vivido pela Rússia e seu protagonista, vítima de abuso de autoridade e do azedume de moradores de um vilarejo marcados pela guerra sintetizam a escolha de Sergei Loznitsa em seguir um método que se distancia dos personagens para realçar a angústia de um tempo difícil. Minha Felicidade é um exercício contemplativo, duro e necessário.
O filme de Loznitsa é feito para o lado imagético, usando o mesmo princípio alusório de pinturas e obras abstratas, como um espelho da história política do país-chave da trama. Atente-se ao lado grosseiro nas relações pessoais e a frieza igualmente cruel no cerne profissional - receita para o sucesso sem criar alianças. Cenas cruéis podem ser tão alusórias quanto a ascensão de um país focado em interesses que não colocam a população em seu cerne.
Minha Felicidade (My Joy, Ucrânia, 2010) de Sergei Loznitsa
*comentário originalmente publicado na cobertura do Festival 4+1.
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