O filme-tributo de Wim Wenders à coreógrafa e dançarina Pina Bausch (1940-2009) remete aos tempos áureos de equivalência entre expressão e desconstrução como nos filmes russos da década de 20 e do neo-realismo italiano nos anos 40. Wenders reconstituiu números em lugares de inspiração da homenageada – cidade, campo e palco, terreno das multiplicidades, assim como o cinema.
Pina é o exame de uma carreira focada na superação e do passo à frente em relação aos limites. Vemos os bailarinos caindo e levantando para recomeçar sem hesitar. O esforço repetitivo se torna um número de dança como a extensão do corpo, suporte para a vida e campo para análises profundas sobre a complexidade da alma; a catarse onde encanto e angústia se equivalem para funcionalidades desconhecidas.
Os números interativos podem saturar os que se concentram à imagem, principalmente pela decupagem que não investe em inovações, mas Wenders dá foco ao esforço de Pina de dialogar com público, equipe, palco e antes de tudo, consigo. Este é o grande acerto do filme, que se torna relevante pela legitimidade e resgate de uma linguagem rica em diversos aspectos.
Pina (Idem, Alemanha/França/Reino Unido, 2011) de Wim Wenders
Como assim neo-realismo italiano e formalismo russo de 20? Não entendi a relação. Essa referência é apenas pela quebra do formato do documentário? Acho o contexto e a intensão bem distantes destes períodos.
ResponderExcluirO som deveria ficar em segundo plano, se não houvesse os comentários dos bailarinos a força visual seria ainda maior do que já é.
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