Adaptação da peça homônima vencedora do Tony Award, Deus da Carnificina faz dura análise do comportamento do homem contemporâneo. Não há posição crítica feita por Yasmina Reza e Roman Polanski, diretores da peça e do filme, respectivamente. Existe a narrativa em efeito cachoeira com tópicos de discussão.
Da briga entre os filhos de Penelope (Jodie Foster) e Michael (John C. Reily) com Nancy (Kate Winslet) e Alan (Christoph Waltz), nasce o argumento. Sem desfigurar o modelo teatral, Polanski pouco movimenta sua câmera – aposta principalmente em planos abertos e no plano e contra-plano, colocando seus personagens em posições sugestivas em relação ao outro. Assim, vemos a subversão da idéia de infantilidade e a crescente angústia que ela pode levar a pessoas consideradas adultas à consideração de uma suposta razão.
Por sua complexa intensidade e verborragia, Deus da Carnificina perde em ritmo. No mesmo patamar de importância e complexidade, os personagens não assumem identidades configuradas pelo cinema – mocinho, vilão, etc. A culpa vêm e vai. Auto-indulgência segue o mesmo caminho traduzido em matéria por livros, celulares, bebidas e acessórios femininos. Embate direto com o que é palatável, onde Nancy é a representação máxima do mal estar causado por uma discussão sem rumo.
Trata-se de um raio X irônico de um tempo de banalizações. Saturar a experiência para, enfim, criar o espelho com seu público ou para quem vestir a carapuça. Um filme difícil disfarçado pela acessibilidade dos diálogos. Ou, um pequeno grande filme.
Deus da Carnificina (Carnage, França/Alemanha/Polônia/Espanha, 2011) de Roman Polanski
Sou fã do trabalho do Polanski e a sua suposta trilogia do apartamento ganhou mais um grande filme. Deuses da Carnificina é uma raridade do gênero.
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