Sintomático em relação à epidemia oriunda do sufoco que contemporaneidade oferta à sociedade, O Abrigo divide a imagem de Curtis (Michael Shannon) na posição de antagonista e protagonista de acordo com a ótica escolhida pelo próprio espectador. E daí surge a peça instigante do filme, só ela se sobressai dentro da narrativa horizontal (relacionado ao tempo) de Jeff Nichols.
Síndrome de pânico ou princípio de esquizofrenia traçam o diagnóstico de um homem assombrado por pesadelos enquanto o diretor figura com fidelidade e modismo analogias ao tempo onde o terror é rei pela iminência do fim dos tempos. Definí-lo como vilão por justamente ser vítima da autosabotagem criada pelo medo ou protagonista também vítima de maldição hereditária preso ao labirinto de sua doença sinalizam bons ganchos dramáticos.
O roteiro escrito por Nichols transparece a construção de sequências com destino traçado mais à frente. Tal ação destrói a idéia de fluidez do tempo e que vai de encontro à previsibilidade como os conflitos entre Curtis e sua fiel esposa Samantha amplificado ao drama da filha Hannah e espelham, nos dois caminhos, a busca pela sensação de proteção. Esta, que é tão clara à primeira vista, se torna um monstro complexo refém de sintomas negativos não só das grandes cidades, segundo o diretor.
★★★
O Abrigo (Take Shelter, EUA, 2011) de Jeff Nichols
Chegou essa semana nas locadoras, grata surpresa. Lembra muito os filme do diretor M. Night Shyamalan.
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