Traumas, fantasmas, você versus você; Mark Jackson costura Sozinha com enigmas pelo espaço ausente da ação, ou seja, o que acontece longe das câmeras. Joslyn (Joslyn Jensen) é assombrada pela figura de um senhor em estado vegetativo no qual toma conta numa casa afastada da cidade, sem sinal de telefone e com conexão à internet lentíssima.
Com figuras misteriosas que alinham o cotidiano como a caixa de um restaurante e um marceneiro, Joslyn faz da ausência como mecanismo de autoboicote. Pelo celular resgata a separação de forma trágica. A solidão, que outrora era válvula de escape, molda a figura de um monstro. Joslyn ou o senhor em sua cadeira de rodas?
Enquanto Jackson anula o sobrenatural, gradualmente aumenta a relação de sua protagonista com a insanidade. O estudo sobre a linha que divide o descaso com seu trabalho (sã) e os casos limitados à geografia da casa (extremo oposto) dão ao filme a atmosfera necessária para sustentar a narrativa que dispensa elementos como trilha e variações de planos de câmera.
Without é um exercício interessante de linguagem e representação dos sintomas que dominam uma mente disposta à destruição. Ainda que o filme adormeça em seu prólogo e epílogo, Jackson transpôs os momentos cruciais do longa para os momentos onde Joslyn é um espectro aberto ao julgamento dos espectadores.
★★★
Sozinha (Without, EUA, 2011) de Mark Jackson
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