PROMETHEUS


É difícil achar sinceridade em Prometheus. Como via de duas mãos – técnica e filosofia -, o cinema de Ridley Scott tem se confirmado vítima de amputação nos últimos anos. Seu filme é um minucioso e impressionante espetáculo visual com argumento baseado num emaranhado religioso que aborda existência, fé e claro, o início e o fim dos tempos, como não poderia deixar de existir numa aventura tipicamente americana. Prometeu foi um titã que defendeu o alinhamento entre humanos e deuses e justifica o nome do filme.

No prólogo de Prometheus há uma cena onde David (Michael Fassbender em ótimo momento) assiste Lawrence da Arábia de David Lean. David, o de Fassbender, é um robô. Simples analogia à visão de Scott ao mercado audivisual. Filmes que iludem e dominam. Não dialogam, não instigam. Um cinema desalmado, robótico.

A aventura está no terreno habitual – visual impactante, som nas alturas e de harmonia com a decupagem, maquiagem impressionante. Tudo é visual. Fina ironia, pois a questão cerne que alimenta a narrativa é de profundidade gigantesca e sem veredicto do assunto, afinal, criador versus criatura é algo delicado demais para se apontar, ainda mais aos moldes de um filme como este, dedicado à venda de ingressos.

Dirigidos por Scott, Blade Runner e Alien – O Oitavo Passageiro pulsam como referências neste mar de possibilidades que a história da humanidade oferece ao diretor. O lado mecânico se exalta, dispensando abordagens extra-tela, tornando o filme um blockbuster morno. Algo que seu irmão Tony faz há muitos anos.

★★
Prometheus (Idem, EUA, 2012) de Ridley Scott

Um comentário:

  1. Poxa, to ansiosa pra ver. As 2 estrelinhas desanimaram um pouco, mas vamos ver…

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