Contra o Tempo detém vantagens simplórias e poderosas que pouco se vê atualmente; o roteiro sucinto de Ben Ripley evoca o desenvolvimento da gramática cinematográfica de Duncan Jones – que se livra de vez de ser conhecido como filho de David Bowie para ser conhecido como “o diretor de Lunar” – com poucas locações e as possibilidades múltiplas de ação – no sentido literal - que residem no espaço do tempo justificadas pela física quântica.
Para evitar um ataque terrorista a um trem a caminho de Chicago, o Capitão Colter Stevens (Jake Gyllenhaal) acorda no corpo de um professor que oito minutos mais tarde estaria morto com a explosão. Fisicamente preso à letargia, Stevens vai e volta dezenas de vezes para, na verdade, achar o responsável pelo ataque, ao invés de impedir a tragédia. Na medida, a trivialidade patriota inserida na trama se dissolve com as descobertas do protagonista em relação ao seu passado e futuro, envolvendo dramas familiares, uma paixão repentina e o projeto do governo para salvar vidas. Contra o Tempo torna-se envolvente por ser um filme retalhado e ritmado, sem fragmentação narrativa.
Ora taciturno e cruel (quando aborda a intervenção americana no Afeganistão), ora engajado politicamente por métodos predominantemente lúdicos – que justificam o amor de Duncan Jones pela ficção científica -, o filme não se limita em achar a equivalência entre engajamento e entretenimento; sabe que seu tema é saturado e que a objetividade é o maior trunfo. Rápido e rasteiro, Contra o Tempo se garante pelo rápido desenvolvimento, amplificado pela edição de Paul Hirsch e o controle que Duncan Jones tem sobre o roteiro ao não deixa-lo cair em redundância mesmo com a repetição de sequências dentro do trem.
★★★
Contra o Tempo (Source Code, EUA/França, 2011) de Duncan Jones
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