A justificativa que rege o exercício batizado de Estado de Sítio, onde oito amigos se refugiam em uma casa em Minas Gerais à espera do fim do mundo se sustenta pelo fato de testar e levar a ironia ao extremo, abordando todas as possibilidades de desenvolvimento, prolongando as cenas e fugindo de transformação do conteúdo em um conjunto de gags. O filme dirigido e atuado pelos oito amigos coloca o roteiro a encarar o cotidiano como uma espécie de deboche ao falatório e sensacionalismo imposto pelo cinema americano ao “fim dos tempos”.
O baixo orçamento alimenta a retórica da abertura ao improviso e o pouco cuidado estético. Porém, é perceptível que os integrantes do grupo procuram dentro deste estado anárquico o exercício cinematográfico, explorando o espaço cênico e deixando por boa parte do tempo a câmera estática, aproveitando a profundidade de campo e travellings nos poucos momentos em que o dispositivo se move.
Estado de Sítio aborda à ruptura de um grupo de homens acostumados ao que é digital, de fácil conquista para a busca por alimentos e da luta contra o crescente tédio, onde o resgate da infância (corridas na piscina, jogo de futebol, pique – esconde) se revela com a melhor saída. Não que isso seja um revés para a relação dos personagens, pelo contrário, é apenas a motivação perfeita para o escracho e relacionar a realização do filme à uma festa. Algo totalmente justo quando estamos falando de cinema no Brasil.
Estado de Sítio (Idem, Brasil, 2011) de André Novais Oliveira, Gabriel Martins, Flávio C. von Sperling, João Toledo, Leonardo Amaral, Leo Pyrata, Maurílio Martins, Samuel Marotta
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