“Em Turim, em 3 de janeiro de 1889, Friedrich Nietzsche sai do imóvel da Via Carlo Albert, número 6. Não muito longe dali, o condutor de uma carruagem de aluguel está tendo problemas com um cavalo teimoso. O cavalo se recusa a sair do lugar, o que faz com o que o condutor, apressado, perca a paciência e comece a chicoteá-lo. Nietzsche aparece no meio da multidão e põe fim à cena brutal, abraçando o pescoço do animal, em prantos. De volta à sua casa, Nietzsche então permanece imóvel e em silêncio durante dois dias estendido em um sofá, até que pronuncia as definitivas palavras finais: “Mãe, eu sou um idiota”. E vive por mais dez anos, mudo e demente, sendo cuidado por sua mãe e suas irmãs. Não se sabe que fim levou o cavalo”.
O Cavalo de Turim prossegue tal introdução, descrevendo os dias do condutor, sua filha (Erika Bók, a mesma do emblemático Satantango) e o cavalo sob todas as características que deram a alcunha de film fighter a Bela Tarr: densidade imagética e sonora, longos planos e poucos diálogos. O longa abre um leque de possibilidades imenso envolvendo maldições espirituais, síndromes usando o animal como catalisador. Nietzsche e o condutor da carroça, são, também, vítimas da inércia, supostamente oriunda do quadrúpede.
A escassez de diálogos dentro da esmiuçada rotina reflete o contexto da época retratada. A personagem de Bók, catalisadora da força espiritual que o cavalo rege – debilitado e entregue à morte dentro do celeiro, mas representado por uma ventania infinita que espalha o terror psicológico pela casa – torna-se babá de seu pai, tão imóvel quanto Nietzsche. A visão de Tarr sobre a humanidade é pessimista a ponto de declarar que a história profetizada por Deus foi alterada e que não haverá descanso para os mortais.
E sob lenta entrega de forças através de árduo exercício contemplativo, enriquecido pela plástica, pungente por seu conteúdo e denso e soturno em analogias, O Cavalo de Turim é tão intenso que nos leva para análises que fogem a história, assim como o diretor faz por diversas vezes durante o filme.
★★★★★
O Cavalo de Turim (A Torinoi Ló, Hungria/França/Alemanha/Suíça/EUA, 2011) de Béla Tarr
Uma obra de arte! Na verdade uma divagação profunda sobre o tempo. O ano é 1889, portanto há puco mais de cem anos. A entrega do tempo que nos é dado em comparação à humanidade daquela época nos parece ser de uma quantidade menor. Apesar de todo o conforto que nossa tecnologia proporciona, nenhum tempo nos é dado para reflexão. O cotidiano daquelas pessoas tão cheio de obrigações para simplesmente existir em contraste com todos os recusros que temos hoje – e ainda não nos sobra nenhum tempo!
ResponderExcluirUm filme brilhante, com atores que conseguem mostrar quase sem palavras o cotidiano sofrido em um lugar onde não existe sequer pessoas para compartilhar os sentimentos. A dedicação da filha com o pai é quase uma dádiva natural. Nos faz refletir muito em relação ao nosso comportamento com nossos pais, com nossos amigos. Um filme para aqueles que valorizam sentimentos. Muito bom.
ResponderExcluirEste filme é simplesmente brilhante! O silêncio e as imagens de Tarr são de tirar o fôlego!
ResponderExcluirbickleblainebooth.wordpress.om
Não está no circuito e não consigobaixar o filme. ma lástima!
ResponderExcluirQuem quiser baixar esse filme é só copiar esse link e colar na barra de endereços.
ResponderExcluirhttp://topcine.net/o-cavalo-de-turin-legendado
Filme péssimo. Sem linha narrativa…repetitivo…parece interminável… incomodativo… infelizmente não tenho capacidade para achar um filme desse como uma obra de arte… não perca seu tempo… tem a pretensão
ResponderExcluirde fazer gerar uma consciência crítica…
Se o desejado é valorizar a ausência de diálogos veja O artista que este sim é um filme lindo e
com uma experiência transformadora…
Realmente o filme nos faz voltar ao ano de 1889 e sentimos a experiencia de como o tempo e a vida eram diferentes naquela época para uma família simples. Reflexivo e profundo. Porém ,para quem busca apenas entretendimento, como diz o cinéfilo, é um filme chato.
ResponderExcluirA meu ver o fime é muito bom, mas vai depender da capacidade critica de cada um!
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