A receita que transformou Mangue Negro, primeiro longa-metragem dirigido por Rodrigo Aragão, instantaneamente num filme cultuado nos circuitos de festivais se repete em A Noite do Chupacabras: brasilidade, sangue e diversão.
O longa se apoia na aura novelesca – traduzida na rivalidade entre duas famílias por um vasto terreno em uma floresta – para justificar o banho de sangue em cenas memoráveis, mesclando tradicionalismos do gênero: tosqueira, palavrões, humor e miolos. Rodrigo Aragão desta vez se mostra mais preocupado com a concepção do projeto: planos, sequências, efeitos e a congruência entre violência e humor estão mais uniformes na inevitável comparação com seu antecessor.
A figura do Chupacabras representa a justiça feita na base da violência – impedida por uma trégua entre as famílias. O bichano não aparece no filme como fonte gratuita de terror, tanto que suas aparições são raras. O roteiro, assinado pelo próprio Aragão, não é tão bem transportado para a tela quanto é resolvido. O excesso de fades e as sequências de ação construídas com os mesmos aspectos (incluindo a trilha sonora) aos poucos se desgastam, transparecendo na narrativa - principalmente no último ato, quando o protagonista Douglas (Joel Caetano) ganha desconstrução de seu lado emocional.
Tropeços à parte, A Noite do Chupacabras é um filme divertidíssimo e resgata a despretensão do terror, hoje tão moldado para o sucesso. É questão de tempo para o longa ser tão reconhecido quanto Mangue Negro.
A Noite do Chupacabras (Idem, Brasil, 2011) de Rodrigo Aragão
Parece trash, rs. E isso é ótimo, saudade desse tipo de abordagem em filmes de terror.
ResponderExcluir