GANHAR OU GANHAR - A VIDA É UM JOGO


O retorno de Tom McCarthy à direção após o tocante O Visitante é uma gigantesca e morna alusão ao “jogo” da vida – no caso, o título em português faz o mesmo que o original: entrega o jogo logo de cara. Não que Ganhar ou Ganhar – A Vida é um Jogo fuja da mesmice lírica e esteticamente. McCarthy circunda sua obra da aura que identifica o dito cinema independente americano atualmente.

A história se passa no subúrbio americano, com personagens fracassados escondidos atrás de belas fachadas, com abordagem agridoce da dormência emocional do protagonista com trilha sonora proto-circense e a representação da esperança num personagem atípico a tal realidade.
Neste caso, o garoto Kyle (Alex Shaffer), que vai até Nova Jersey atrás de seu avô como refúgio do desdém de sua mãe, se torna a motivação para o advogado Mike Flaherty (Paul Giamatti) encontrar o êxito na carreira de técnico de luta greco-romana, além de ser um ótimo plano B para seu falido trabalho de advogado. A sucessão de alusões aos “Ganhar” do título são banais e desenvolvidas sem surpresas, porém, McCarthy sabe, mesmo com os contratempos da saturação narrativa, criar sustentações pertinentes e que ajudam o longa a escapar da prolixidade.

Os ótimos coadjuvantes dão o tom necessário para McCarthy ilustrar sua fábula moderna sobre o fracasso ao guardar a inerência ao tema na ironia e no rancor. Sem eles, a passividade dos personagens de Shaffer e Giamatti transformariam Ganhar ou Ganhar num filme dormente. Se o longa passa longe da originalidade, por outro tem coragem de largar vícios duvidosos de se fazer humor através do peso melodramático – principalmente pelo silêncio constrangedor em situações igualmente delicadas e grotescas. McCarthy quer diálogos e ação. Nada de ser implícito. E, se por acaso alguém possa se ofender, bem, é ponto para ele.

★★★
Ganhar ou Ganhar - A Vida É Um Jogo (Win Win, EUA, 2011) de Tom McCarthy

Um comentário:

  1. Pedro Henrique Gomes1 de junho de 2013 às 09:20

    Nunca vi filme tão ruim. Aliás, o Vermelho, Branco e Azul, o Sleeping Beauty (embora haja alguma coisa nesse) também entram nessa. Fran Lebowitz e Drive e Take Shelter "valem" bem mais.

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