Sion Sono é um diretor fugitivo da temeridade. Suas críticas ácidas com subtexto rico e teias narrativas coesas mostram-se intactas em Culpada por Romance. Os diversos caminhos traçados por Sono colocam o tema protofantástico que envolve a transformação de uma mulher casada com um escritor de romances amedrontada pela rotina que entra para o mundo da prostituição pela necessidade de se sentir viva como cerne de um estudo que envolve pecados hereditários.
A digressão da história é representada pela separação em capítulos e a troca de foco, sempre apoiada no humor de duplo sentido – amplificado pelas cenas de erotismo. O elo está no crescente caos em torno da investigação do assassinato num prostíbulo misterioso.
O conceito bíblico que contorna a culpa e o pecado serve como fusão ao deboche – que transforma um simples lanche em família numa troca de ofensas hilária e igualmente brutal. Uma marca da autoria de Sono. Nesta ideia, Sono une conflitos existenciais sob os sinais estilísticos de um pesadelo com espaço suficiente para utilizar a poesia como alusão ao peso da culpa. E esta salada que a priori daria uma confusão de gêneros se sobressai como um pungente thriller que livremente passeia por motivações distintas, trabalhando vagarosamente cada um deles e assim, entrega uma conclusão coerente e instigante.
Culpada Por Romance (Knoi no Tsumi, Japão, 2011) de Sion Sono
Nenhum comentário:
Postar um comentário