A alcunha panfletária que cerca Até a Chuva, além de fazer papel social de maneira pertinente, salva o longa dirigido por Iciar Bollaín de cair no ridículo. Para relacionar o tempo à força retrógrada do ser humano, Bollaín leva uma equipe de cinema liderada por Costa (Luis Tosar) e Sebástian (Gael Garcia Bernal) que chega à Bolívia para filmar a história de um padre que enfrentou o exército católico liderado por Cristovão Colombo contra os índios durante a chegada do navegador à América.
Populares manifestam contra a privatização da distribuição de água no país sob forte vigilância da polícia e desdém do governo (baseado no fato ocorrido em 2001). Neste momento, a produção de um filme se transforma no encontro entre passado e presente – representada na melhor sequência do filme. Porém, Bollaín chega a ser impetuoso com sua própria obra ao romantizar este conflito. Fora a trilha adocicada e personagens que servem apenas como trampolim para o envolvimento emocional – esquecendo o lado político-social – do público, estão atreladas lições de moral e motivações saturadas no cinema.
Até a Chuva, assim, cria uma relação ambígua com sua posição; como manifesto, o longa tem seus momentos, principalmente quando constrói a persona de Daniel, líder do grupo ativista e um dos protagonistas do filme de Costa e Sebástian. Como romance, é forçado nos aspectos melodramáticos e torna-se um conto anacrônico por tamanha manipulação.
★★Até a Chuva (También La Lluvia, Espanha/França/México, 2010) de Iciar Bollaín
Nenhum comentário:
Postar um comentário