Anacrônico às óticas reflexivas, Chapeuzinho Vermelho do Inferno é um filme facilmente associado ao gratuito. A estética artesanal e a subversão do conto de Charles Perrault remetem ao terrir, provavelmente o mais anárquico gênero do cinema. Porém, os raros banhos de sangue têm um propósito diferente pelas mãos de Jorge Molina.
O diretor afronta moralismos com cenas de estupro, incesto e zoofilia e esquece-se do subtexto. Afinal, qual é o alvo de Molina? O humor vem do desconcerto, do desconforto. A trivialidade é composta pelas inúmeras sequências de insinuações sexuais e a rasa relação da família, historicamente apoiada na religião – tangente que produz o grande respiro do filme, numa sequência em que o humor, de fato, está presente.
Chapeuzinho Vermelho do Inferno utiliza todos os clichês sem um propósito claro; É uma armadilha do diretor ou uma sátira? Perguntas como essa rodeiam o longa, que em nenhum momento deixa claro o seu objetivo. A gratuidade é uma óbvia associação.
Chapeuzinho Vermelho do Inferno (Molina's Ferozz, Cuba/Costa Rica, 2010) de Jorge Molina
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