De entusiasta a realizador, passando pela produção e distribuição de filmes como L.A.P.A e Riscado e direção de incontáveis curtas-metragens, Cavi Borges chega ao seu debut diretorial de um longa de ficção pelo mesmo caminho que construiu sua carreira; o baixo orçamento de Vamos Fazer Um Brinde aspira a aura do it yourself e que consequentemente instiga a criatividade e o espírito de equipe. Uma vertente do cinema independente.
Vamos Fazer Um Brinde vem da utopia que o réveillon representa o recomeço. Em uma locação, Cavi e a co-diretora Sabrina Rosa unem personagens que dividem desta esperança sobre diferentes óticas. Um aspecto favorável para o filme, que preserva uma avalanche de saídas imediatas – ainda mais que o filme já faz. Porém, a visão destes personagens é superficial, ainda que sua intenção de quebra de estereótipos de raça e de orientação sexual seja bem sucedida – apenas a sobreposição do costumeiro erro de casting de novelas que utilizam negros como parte do núcleo periférico. Algo que Jorge Furtado faz em seus filmes há algum tempo.
A personagem Susana, vivida por Cintia Rosa, é a única que expõe duplicidade de conflitos. Sua insegurança transparece além das inúmeras ligações que faz para seu marido. De resto, o esforçado elenco composto por Ana Miranda, Fabricio Santiago, Juliana Alves e Roberta Rodrigues é imerso em lembranças rasas e temas corriqueiros como fidelidade, sexo e claro, amizade. A falta de empatia consumida pela rápida duração do filme vem da abordagem desses temas: impregnados pelo humor demarcado aos estereótipos de cada personagem (um tiro no pé de quem se intenciona a subverter esta ideia) e claro, a falsa ilusão do consumo de um momento dito especial. Ser feliz até meia noite é o que importa.
Vamos Fazer Um Brinde (Idem, Brasil, 2011) de Cavi Borges e Sabrina Rosa
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