John Wick: Baba Yaga (Chad Stahelski, 2023)

 

Baba Yaga serve para subverter à alusão de um homem a pensar sobre si construída por fiapos em Parabellum e recolocar Wick no lugar de máquina. Baba Yaga é um filme de diálogo direto com a forma, que está sempre em mutação e, antes de um filme de ação, um filme de diálogo com seu legado como antologia do cinema de ação. Enquanto viaja por um compêndio de gêneros como os filmes de samurai, slapstick comedy e faroeste, por exemplo, vemos devidas referências a Warriors, Buster Keaton e John Woo, por exemplo. Se outrora o grande cativador era o absurdo gerado pelas insanas e muito bem orquestradas sequências de ação e como John Wick era, antes de tudo, invencível, Stahelski coloca os métodos de leitura do filme em cheque pois à medida que Wick entra em submundos mais absurdos e cartunescos, mais arriscada é a direção e mais tenso o filme fica, justificado, enfim, pela trama. Subverter realismo e a aparência é dos grandes trunfos do filme. Concomitantemente é um filme de forte influência literária, com elipses, espaços a preencher pelo espectador e como Stahelski está mais interessado em construir atmosferas e resolver mecanicamente os eixos que levam às grandes cenas de ação, o que deixa mais impactante a maleabilidade da forma do filme. É um filme que recusa qualquer diálogo com elementos dramáticos até mesmo nos mais protocolares eventos. Stahelski parte da comicidade ou da extrema frieza para afirmar que Wick é um cidadão de um mundo real cruel que o transformou em homem-máquina e imaginado pelo mais hipotético dos gêneros cinematográficos.

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