Branco Sai, Preto Fica (Adirley Queirós, 2014)

  
Na sequência que encerra A Cidade é uma Só? (2011),  Dildu "enfrenta" a carreata de Dilma Rouseff e segue sua campanha cantarolando. Trata-se de um exemplo significativo sobre o cinema feito por Adirley Queirós, rico em dualidades na relação do homem e o espaço e o prosaico como gesto político. 

Branco Sai, Preto Fica, um filme de desejos e fantasmas, se propõe abraçar o tempo e o cinema. Passado, presente e futuro vão de encontro às formalidades de gênero e ultrapassam todo tipo de fronteira estipulada por teóricos e cinéfilos. A jornada, considerando o caminho feito outrora em A Cidade é uma Só?, nos levará a repetir a questão principal do filme anterior, passando novamente pelos terrenos por onde Dildu caminhou ecoando seu jingle eleitoral.

A cidade planejada é a protagonista de uma nostalgia aguda, da época dos bailes de black music no Quarentão, local de uma mudança drástica na vida de Marquim e Schokito. Esse desejo agudo de retorno no tempo permeia o filme, pois o presente inibe uma relação direta dos personagens com Brasília e entre eles também. Fazer parte do tempo, do agora, é tarefa árdua, pois este direito lhes foi tomado. Este pensamento é justificado e elevado por Adirley Queirós através da ficção científica, onde se imagina - um ato de extrema melancolia que também permeia o longa - e sugere o futuro, sempre em busca de respostas e saídas.

Destes contrapontos entre ficção e real - que nunca se darão no realce dos cortes - surgem na mesma intensidade a solidão e a amizade. Ambas servem de suporte para momentos de força - principalmente na amizade de Marquim com seu toca-discos em função de sua rádio pirata e de Schokito com suas ferramentas. É a forma que acharam para seguir em frente. O gênero, no caso, pode ser uma barreira para colocar a câmera como dispositivo investigativo das motivações dos personagens e o narrador como a dinamite para colocar abaixo este muro. 

Esta é uma das diversas dicotomias apresentadas pelo filme, que se apoia na melancolia mas que é composto com bom humor, com sequências de simbolismos referentes ao movimento (imagem, cidade, os homens e suas limitações físicas), personagens iconoclastas e canções emblemáticas que reforçam a noção de um abismo social. O muro implodido servirá como pano perfeito para uma invasão e acerto de contas através da relação indireta com o tempo e suas limitações (literais ou não) e a percepção abstrata do legado que toda atitude será política e que elas reverberarão pelo tempo, pelos toca-discos, pela tela e pelas ruas.

Branco Sai, Preto Fica (Idem, Brasil, 2014) de Adirley Queirós

VI Semana dos Realizadores


 Da carta de divulgação em um blogue e da programação exibida em uma sala encostada no então chamado Unibanco Arteplex em 2009 a Semana dos Realizadores cresceu - e  muito. A divulgação dos mais de cinquenta filmes que estarão na programação do evento que hoje lota sessões com certa antecedência confirma o interesse do público pelo ainda chamado "novíssimo cinema brasileiro". Fora os filmes em competição, a Semana terá em parceria com o IndieLisboa uma programa especial com oito filmes de novos realizadores lusitanos, além da retrospectiva de Kleber Mendonça Filho (com masterclass), sessões especiais e uma homenagem a Luiz Rosemberg Filho. A Semana começa no dia 19 de novembro e acontece no Espaço Itaú de Cinema, no Rio.

A lista com os filmes selecionados para a Semana:

[CURTAS E MÉDIAS-METRAGENS EM COMPETIÇÃO]

A MÁQUINA DO TEMPO – Direção: Gustavo Jahn e Melissa Dullius 5AQUELE CARA – Direção: Dellani Lima
ARQUIPÉLAGO – Direção: Gustavo Beck
KARIOKA – Direção: Takumã Kuikuro
NADA É - Direção: Yuri Firmeza
NOVA DUBÁI – Direção: Gustavo Vinagre
RETRATO N. 1 POVO ACORDADO E SUAS 1000 BANDEIRAS – Direção: Edu Ioschpe
RUA DE MÃO ÚNICA – Direção: Tiago Mata Machado e Cintia Marcelle
SI NO SE PUEDE BAILAR, ESTA NO ES MI REVOLUCIÓN – Direção: Lillah Halla
VAILAMIDEUS – Direção: Ticiana Augusto Lima
VERTIÈRES I,II,III – Direção: Louise Botkay
VISTAS E VISÕES - Direção: André Francioli da Conceição

[LONGAS-METRAGENS EM COMPETIÇÃO]

A VIZINHANÇA DO TIGRE – Direção: Affonso Uchoa
BATGUANO – Direção: Tavinho Teixeira
COM OS PUNHOS CERRADOS – Direção: Luiz Pretti, Pedro Diogenes, Ricardo Pretti
SINFONIA DA NECRÓPOLE – Direção: Juliana Rojas
DROMEDÁRIO NO ASFALTO – Direção: Gilson Vargas
A MISTERIOSA MORTE DE PÉROLA - Direção: Guto Parente
ELA VOLTA NA QUINTA – Direção: André Novais Oliveira
VENTOS DE AGOSTO – Direção: Gabriel Mascaro
BRASIL S/A – Direção: Marcelo Pedroso
URIHI HAROMATIPË: CURADORES DA TERRA-FLORESTA –  Direção: Morzaniel ƚramari Yanomami
FLUTUANTES – Direção: Rodrigo Savastano
NOITE - Direção: Paula Gaitán

[HORS CONCOURS]

A HISTÓRIA DA ETERNIDADE - Direção: Camilo Cavalcanti
BRANCO SAI. PRETO FICA – Direção: Adirley Queirós
HOMEM COMUM - Direção: Carlos Nader
OS CEGOS - Direção: Bruno Risas

[SESSÃO MESTRES]

DOIS CASAMENTOS – Direção: Luiz Rosemberg Filho
O CINEMA SEGUNDO LUIZ RÔ - Direção: Renato Coelho

[SESSÕES ESPECIAIS]

CLAUN (PARTE 1: OS DIAS AVENTUROSOS DE AYANA) – Direção: Felipe Bragança
É TUDO MENTIRA – Direção: ¡NoPasaran!
YORIMATÃ – Direção: Rafael Saar

[RETROSPECTIVA KLEBER MENDONÇA FILHO]

O SOM AO REDOR – Direção: Kleber Mendonça Filho
O CRÍTICO – Direção: Kleber Mendonça Filho
RECIFE FRIO – Direção: Kleber Mendonça Filho
LUZ INDUSTRIAL MÁGICA – Direção: Kleber Mendonça Filho
ELETRODOMÉSTICA – Direção: Kleber Mendonça Filho
NOITE DE SEXTA MANHÃ DE SÁBADO – Direção: Kleber Mendonça Filho
VINIL VERDE – Direção: Kleber Mendonça Filho
A MENINA DO ALGODÃO – Direção: Kleber Mendonça Filho e Daniel Bandeira
ENJAULADO – Direção: Kleber Mendonça Filho
LIXO NOS CANAIS – Direção: Afonso Jr e Kleber Mendonça Filho
CHAVEIRO – Direção: Kleber Mendonça Filho
A BOLA DO JOGO – Direção: Kleber Mendonça Filho
PAZ A ESTA CASA – Direção: Kleber Mendonça Filho
HOMEM DE PROJEÇÃO – Direção: Kleber Mendonça Filho
TUBO DE IMAGEM – Direção: Kleber Mendonça Filho

[ESPECIAL INDIELISBOA]

LACRAU -  Direção: João Vladimiro
RAFA – João Salaviza
CAMPO DE FLAMINGOS SEM FLAMINGOS – Direção: André Príncipe
ENCOUNTERS WITH LANDSCAPE X3  –  Direção: Salomé Lamas
CAMA DE GATO –  Direção: Filipa Reis e João Miller Guerra
LIBERDADE – Direção: Gabriel Abrantes
TAPROBANA – Direção: Gabriel Abrantes
ENNUI ENNUI – Direção: Gabriel Abrantes

Bill, the Galactic Hero

Alex Cox atualizou o blogue do Bill, the Galactic Hero com ótimas notícias. O filme estreia no Festival do Colorado no dia 12 de dezembro e será disponibilizado online no mesmo final de semana. E de quebra, divulgou o trailer de seu retorno ao cinema após Repo Chick, de 2009.


Top 10 - Festival do Rio

55 filmes depois, eis meu top 10 do Festival do Rio:

10. O Samurai (Der Samurai) de Till Kleinert

09. National Gallery (Idem) de Frederick Wiseman

 08. O Ciúme (La Jalousie) de Philippe Garrel

07. Jornada ao Oeste (Xi You) de Tsai Ming-Liang

06. Stations of the Cross (Kreuzweg) de  Dietrich Brüggemann

 05. La Sapienza (Idem) de Eugène Green

04. Cavalo Dinheiro (Idem) de Pedro Costa

03. Ida (Idem) de Pawel Pawlikowski

02. Casa Grande (Idem) de Fellipe Barbosa

01. E Agora? Lembra-Me de Joaquim Pinto

Menções: Matar um Homem (Alejandro Fernández Almendras), O País de Charlie (Ralf de Heer), Carvão Negro (Diao Yi'nan), O Presidente (Mohsen Makmalbaf) e Prometo Um Dia Deixar Essa Cidade (Daniel Aragão)

Festival do Rio 2014 (Parte 4)

Encerrando a cobertura do Festival do Rio, comentários sobre os últimos onze filmes no evento. Para ler a cobertura completa, clique aqui.

Garotas (Girlhood, França, 2014) de Céline Sciamma

O clássico conto de aceitação e moral transpassado para França atual. Por mais que Céline Sciamma tente construir um retrato afetivo da juventude através de seu ponto mais fraco - a necessidade de pertencer a um grupo -, o filme rapidamente cai na busca pela definição de um tempo, repleto de referências e poucos nuances dramáticos.

Obra (Idem, Brasil, 2014) de Gregorio Graziosi

Obra passa boa parte de sua duração na composição de um quadro feito de dualidades - ambientes fechados e silenciosos que reverberam o caos e sufoco de São Paulo. E na construção de mais um prédio na metrópole um arquiteto sofre as pressões e consequências de uma cidade que castiga, ganhando ares sobrenaturais que se sustentam em metáforas frágeis.

Gangues de Tóquio (Tokyo Tribe, Japão, 2014) de Sion Sono

Sion Sono é um diretor que não se espera menos que um tour de force. Gangues de Tóquio é baseado no mangá Tokyo Tribe 2 e se constrói como um musical hip-hop quase ininterrupto e que oferece uma visão atualizada e debochada da Yakuza. Em total frenesi, o épico é mais dedicado ao deslumbre que à ironia - que enfim aparece no último ato e brinda os japoneses em comparação aos americanos, exibindo uma força que poderia ser explorada durante todo filme.

 Cumes (Cumbres, México, 2014) de Gabriel Nuncio

Uma história de fuga constituído de fios soltos entregue ao tempo e ao silêncio que artificialmente dão o tom de estreitamento na relação entre duas irmãs. O filme de Gabriel Nuncio se limita ao escopo de um período, já explicitando suas barreiras logo na primeira sequência enquanto entrega o tom de suspense sugerido - dele vem a virtude do longa: a subversão de normas cinematográficas.

Matar um Homem (Matar a un Hombre, Chile, 2014) de Alejandro Fernández Almendras

Enquanto se vive uma rotina de constantes ameaças, a forma concreta do filme de Almendras se faz na simplicidade. Quando enfim caminha em uma narrativa de vingança, o sentimento abstrato e confuso de um pai sufocado faz de Matar um Homem um filme extremamente potente, que se justifica na passionalidade e nos gestos vitais de um acerto de contas que é cercada pelo mito do herói.

God Help the Girl (Idem, Reino Unido, 2014) de Stuart Murdoch

A impressão que fica a cada quadro deste filme é que Stuart Murdoch veio com uma ideia e os produtores o manipularam para ser outra coisa. O filme se apresenta com um conceito definido - muito próximo do que há de pior em Wes Anderson e Noah Baumbach - e se esforça para ser o mais utópico possível dentro de uma experiência comum - no caso, formar uma banda e mantê-la com tantos problemas pessoais - entre um número musical e outro.

The Goob (Idem, Reino  Unido, 2014) de Guy Myhill

O filme abre com a destituição social de um jovem - o fim das aulas, o encontro com a mãe  - e se dilui da típica autodestruição white trash para o resgate da ordem na relação com o padrasto, provavelmente uma das melhores composições de vilão vistas neste Festival. Entre estes dois polos, Guy Myhill exibe a rotina de opressão em tom crescente até o seu acerto de contas.

Aleluia (Alleluia, Bélgica/França, 2014) de Fabrice Du Welz

Este seria um exemplar de slasher em sua forma mais simples e direta caso Fabrice Du Welz não mantivesse os meandros originais de Honeymoon Killers. O filme se resume em justificar dramaticamente qualquer ação do "casal" que mata para conseguir dinheiro e vantagens.


O País de Charlie (Charlie's Country, Australia, 2013) de Rolf de Heer

Como uma aguda crítica sobreposta pelo humor do aborígene Charlie em relação ao convívio com a nefasta invasão governamental em sua comunidade, o filme funciona muito bem. Mas a crise que Charlie enfrenta, por maior que seja sua resistência - e sua consequente mensagem - leva à quebra na ótica e ritmo do filme, levando ao retrato particular de um homem e seus conflitos em relação à contemporaneidade. Rolf de Heer sugere o reflexo ao que está ao redor de maneira contraída, porém não retorna à força inicial.

 Campo de Jogo (Idem, Brasil, 2014) de Eryk Rocha 

A maior virtude de Campo de Jogo é como Eryk Rocha enquanto faz a metáfora do sonho de ser jogador de futebol - provavelmente o primeiro desejo profissional de oito a cada dez brasileiros -, transforma o testemunho da final de um campeonato entre comunidades em um instigante filme de suspense.


  Carvão Negro (Bai Ri Yan Huo, China, 2014) de Diao Yi'Nan

O diálogo agudo com o cinema noir americano e o híbrido entre um thriller moderno com um drama não muito convincente exige que Carvão Negro seja um filme apoteótico. E o que Diao Yi'Nan se recusa é fazer um filme deste porte, muito mais contraído e com o olhar apontado para o desejo de mediar suas ideias através de simples metáforas. Este ensejo, dentro de tantos fios de gêneros, cria certo distanciamento pois o que move o filme a partir de então é este embate deixando a narrativa em segundo plano.

Festival do Rio (Parte 3)

Na correria entre um filme e outro - e ainda trabalhar -, o melhor dos tempos de Festival do Rio é encontrar os amigos e discutir, mesmo que rapidamente, os filmes vistos. A lista abaixo de certa forma reflete estes comentários. Para quem não leu as outras duas partes, clique aqui.

Viagens Noturnas com Jim Jarmusch (Travelling at Night With Jim Jarmusch, França/Marrocos, 2014) de Léa Rinaldi

Léa Rinaldi acompanha o processo de filmagem de Only Lovers Left Alive, último filme de Jim Jarmusch e no geral amplia a impressão de metodologia e ideologia do diretor. Vemos através da relação do diretor com seus atores um tipo de segurança no diálogo do filme com o espectador através da simplicidade, e assim se dá o documentário de Rinaldi. Observacional, distante e como contraponto, emula a aura de intimidade que o set noturno traz para a equipe.

O Fim de Uma Era (Idem, Brasil, 2014) de Bruno Safadi e Ricardo Pretti

Celebração máxima à Belair. Se Uivo da Gaita e O Rio Nos Pertence pareciam tributos em diferentes formas à produtora de Bressane e Sganzerla, este é uma declaração de amor - e com todos seus conflitos - ao período particular para o cinema nacional. Entregue à montagem, feito de recortes de making of dos dois filmes citados, O Fim de Uma Era ecoa os princípios básicos de seus homenageados.

O Presidente (President, Geórgia, 2014) de Mohsen Makhmalbaf

Makhmalbaf recorta O Presidente de forma que torna este o seu filme mais acessível dos últimos anos. Entre a ironia e a tragédia, o processo de conscientização de um ditador tem dupla função ao expor seu personagem às mazelas sociais embutidas em uma trama de fuga que vaga pela ternura e o discurso social.  Como o filme está apoiado nos contratempos desta fuga, em alguns pontos há a tendência de se inclinar a certos personagens como forma de marcar a trajetória do protagonista. Elas servem mais como respiro em sua totalidade para um assunto tão pesado.

O Cheiro da Gente (The Smell of Us, França, 2014) de Larry Clark

Ainda que o filme se encaixe na ideia de cinema-fetiche de Larry Clark com jovens skatistas, drogas e sexo, O Cheiro da Gente é o mais próximo de uma epítome da carreira do diretor, aglutinando vídeos de skate, fotografia, punk rock, desfiles de moda e claro, a subversão adolescente, sem preocupação em seguir uma linha narrativa.

Mommy (Idem, Canadá, 2014) de Xavier Dolan

A preocupação de Xavier Dolan em Mommy é criar ápices baseados em supostos estados de espírito - boa parte deles numa espécie de gangorra emocional. O diretor os equivale a suspiros em uma trama de microescala, em ambientes fechados, reforçando a pobre metáfora da janela de exibição "1:1" para salientar à asfixia. Portanto, Mommy se resume às superficiais explosões emocionais - repito, ou se está na cova ou no céu - com "alívios" justificados por canções que parecem deslocar os personagens do mundo hostil em que vivem.

Casa Grande (Idem, Brasil, 2014) de Fellipe Barbosa

O filme de Fellipe Barbosa é uma aula de organicidade na análise social com questões existenciais a partir do escopo juvenil.  Tudo aqui parte da insuficiência - de manter o alto nível de vida após a falência da família em diversos aspectos, de se tornar um homem, se expressar e de ser amado, novamente, em diversos aspectos. Em outro extremo, Fellipe Barbosa coloca a relação empregado/patrão como base para o desenvolvimento de todo arco dramático do filme.  O encontro destes dois extremos compõe uma das cenas mais bonitas do ano.

Cavalo Dinheiro (Idem, Portugal, 2014) de Pedro Costa

O velho Ventura de Juventude em Marcha e Doce Exorcismo serve novamente como catalisador e narrador de um tempo de injustiças. Através da segunda morte (o encontro do passado com o presente), levando o protagonista a uma espécie de purgatório onde a - também tradicional - penumbra e as lembranças o atordoam como demônios. Cavalo Dinheiro é um filme muito simbólico para o cinema de Pedro Costa e o terreno a ser percorrido futuramente, principalmente sobre a fluidez e construção do raciocínio político, tão pertinente e que nunca tira (ou tirou) os pés do campo artístico.

O Preço da Glória (La Rançon de la Gloire, França, 2014) de Xavier Beauvois

Beauvois larga seus princípios básicos de dramaturgia e entrega um filme agridoce sobre personagens típicos de uma comédia de erros que fazem o contraponto de uma jornada que se inicia na morte. O morto, no caso, Charles Chaplin, será o salvador para diversas histórias que tem o fim iminente. E assim Beauvois faz um filme muito prático sobre o desespero que a crise, independente do país e do tempo, emula com a moral.

Listen Up, Philip (Idem, EUA, 2014) de Alex Ross Perry

À priori este parece uma evolução comum de The Color Wheel, filme anterior de Alex Ross  Perry, principalmente por subverter a noção da vida dos personagens no andamento do filme. Porém a maneira que se apresentam e principalmente se desenvolvem extermina qualquer possibilidade de entretenimento e força o público a tomar outra postura referente ao filme. Ou você o boicota - conforme Philip faz com a vida - ou tenta absorver este mundo regido por utopias e asfixiado por longos closes.

Infância (Idem, Brasil, 2014) de Domingos Oliveira

Domingos faz um baluarte de sua infância em um retrato afetivo feito em monocórdio, já que as falhas da família são fadadas ao esquecimento e os conflitos devem ser logo exterminados. Quando enfim quebra a quarta parede, o filme mostra então um norte que seria a compreensão do "além câmera" e aí sim uma relação mágica com a nostalgia. Mas estamos nos créditos finais.

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