Vulgar What?

Tropas Estelares (Paul Verhoeven, 1997)
Infelizmente só descobri recentemente esse Tumblr dedicado ao chamado Vulgar Auteurism. Ele existe desde junho de 2012 com a função de catalogar stills de filmes inseridos na abrangente lista de diretores/filmes que em comum têm apenas o fácil acesso ao público - casos de John Carpenter, Brian De Palma, John Woo, Walter Hill e Rob Zombie a se discutir - e a justificativa de fazer cinema de gênero. Muito se debate sobre a força das imagens estáticas e sua função perceptiva em comparação ao conjunto como forma de celebração às obras de tantos cineastas - destaco a comparação entre Falstaff - O Toque da Meia Noite de Orson Welles e Mortal Kombat de Paul W.S Anderson - e pouco se nota os parâmetros para inclusão de diretores com obras tão distintas como Abel Ferrara e M.Night Shyamalan, por exemplo. Este termo tampouco trata de um panorama do cinema comercial contemporâneo, pois em listas espalhadas pela internet nomes como Samuel Fuller e Michael Cimino aparecem com "autores vulgares" ao lado de Clint Eastwood, Paul Verhoeven, Farrelly Brothers e John Hyams. Talvez este seja o primeiro termo (movimento?) cinematográfico "batizado" pela internet, sem qualquer margem; não há  limites de data, estética ou filosofia, ainda que se discuta que tudo começou com a adoração dos críticos/realizadores da Cahiers du Cinéma pelos autores ("não vulgares") americanos. Em rápida checagem da página é notório que nesta lista existem diretores com preocupações distintas em relação à imagem (referências, o diálogo com a tecnologia, encenação/reencenação, plástica) e enfim, um ponto para dar o nó: todos eles se apoiam em discursos artísticos coesos com usos díspares de seus dispositivos, independente do conceito de marketing que os entregou ao público. E se pensarmos que, aos meandros de definição, poucos movimentos cinematográficos foram batizados por quem fazia os filmes e sim por críticos e pesquisadores os definindo por margens e similaridades - data, abordagem, discurso... O Vulgar Auterism é sim, uma ótima ferramenta de marketing para cinefilia ainda que a questão para onde os olhos miram realmente cabe a cada quadro, inclusive deste Tumblr. Discutir a qualidade de cada um destes filmes e diretores seria trabalho demais. Vale a visita ao site.

Mr. Turner (Mike Leigh, 2014)



Curioso ver Mr. Turner lançado direto em home video no Brasil ao mesmo tempo que Mais um Ano (2010), penúltimo longa de Leigh, estreia em circuito nacional. Mais uma questão de logística e falta de confiança no espectador, pois apesar de ambos seguirem a fórmula de diluição do drama através da trivialidade tão funcional quanto nos tempos de A Vida é Doce (1990), Mr. Turner mais parece uma catalogação natural de imagens em função do implícito conto de um homem contra o academicismo e qualquer farsa embutida em discursos críticos. Leigh opta por planos abertos - a pintura dentro do escopo, muitas vezes, literalmente -, não se priva em esbarrar em Pialat e Visconti e menos ainda para abordar um descontraído diálogo com a chegada do cinema. Mas, sim, há uma explicação para Mais um Ano chegar às telas no Brasil, mesmo com muito atraso: embora tão monocórdico quanto seus outros filmes, há uma ignorante dose de empatia na relação dos vizinhos e amigos, bem mais que o citado A Vida é Doce. Já Mr. Turner é o encontro de mais uma possiblidade para Leigh, que já foi de Simplesmente Feliz (2008) a Naked (1993) sem que sua marca fosse alterada; Mr. Turner pode ser o primeiro passo para um formato ainda mais aguçado e desafiador para Leigh como um grande compositor do indivíduo prosaico sobre a carcaça do mito.

Melhores Filmes de 2015 (Primeiro Semestre)

Filmes lançados no Brasil (circuito de cinema e home video) no primeiro semestre de 2015:

Menções honrosas: 

Leviatã (Andrey Zvyagintsev), Mad Max - Estrada da Fúria (George Miller),  Da Sweet Blood of Jesus (Spike Lee), Dois Dias, Uma Noite (Jean-Pierre e Luc Dardenne), Batguano (Tavinho Teixeira), Mr. Turner (Mike Leigh) e Éden (Mia Hansen-Love).

10. O Pequeno Quinquin (Bruno Dumont, 2014)

 09. Sniper Americano (Clint Eastwood, 2014)

 08. 14 Estações de Maria (Dietrich Bruggemann, 2014)

 07. Acima das Nuvens (Olivier Assayas, 2014)

  06. Foxcatcher (Bennet Miller, 2014) 

 05. Jornada ao Oeste (Tsai Ming-Liang, 2014) 

 04. Casa Grande (Fellipe Barbosa, 2014)

 03. Últimas Conversas (Eduardo Coutinho, 2015)

 02. Jauja (Lisandro Alonso, 2014)

 01. Branco Sai, Preto Fica (Adirley Queirós, 2014)

Melhores Filmes de 2023

Mangosteen de Tulapop Saenjaroen Mais um longo post com os melhores filmes do ano. São os melhores filmes lançados entre 2021-23 com mais ...