Lançamentos em Video on Demand

Mais uma leva de lançamentos em Video on Demand no Brasil que aos poucos ganha uma identidade - e que parece mais interessante que o mercado de cinema. O destaque desta leva vai para Mão na Luva de José Joffily, não pela qualidade e sim e pelo lançamento na plataforma antes mesmo do lançamento nos cinemas. Comentários sobre os lançamentos mais relevantes abaixo.

Temporário 12 (Short Term 12, EUA, 2013) de Destin Cretton

Cretton utiliza os moldes do cinema independente contemporâneo (em especial aquele adotado por Sundance) para um híbrido interessante de comédia e terror na adaptação de seu curta documental produzido em 2008. Este objeto estranho tem como função ser sutil para abordar temas delicados sem precisar de estepes melodramáticos e exercer a função básica do filme, que é o de estabelecer o estado de tensão iminente dentro de uma casa de recuperação. 

Locke (Idem, Reino Unido, 2013) de Steven Knight

Filmes que se passam em um espaço cênico mínimo são sempre atraentes. Locke se constitui de um homem, um carro e dezenas de conflitos. O trabalho de Steven Knight se resume a estabelecer a atmosfera sobre o arco dramático apoiado no mais frágil dos traumas do protagonista em relação ao externo.  

Traição (Tricked, Holanda, 2012) de Paul Verhoeven

Maior que as frequentes autorreferências em Traição, a ironia que costura este diagnóstico social extremamente pessimista tem prazo. E por isso Verhoeven utiliza apenas 50 minutos - provavelmente exigência do conceito televisivo ou a mais branda piada - para apresentar e desenvolver um mosaico  sobre a corrupção das mais variadas formas. 

Land Ho! (Idem, Islândia/EUA, 2014) de Aaron Katz e Martha Stephens 

Retrato bem-humorado sobre o processo de envelhecimento e que esconde meandros melancólicos ao acompanhar a viagem de dois homens pela Islândia. O peso da terceira idade e a iminência da morte são assuntos implícitos na relação distópica entre dois amigos que serve muito bem como contraponto aos filmes adolescentes, que cercam a insegurança e a inconsequência desta fase da vida.


Mão Na Luva (Idem, Brasil, 2014) de José Joffily e Roberto Bomtempo

Projeto pouco ambicioso e simples de Joffily e Bomtempo que serviria muito bem de contraponto a Na Carne e na Alma de Alberto Salvá. O filme é baseado na peça teatral homônima de Oduval Viana Filho e narra em duas vias o processo de aproximação e separação de um casal de forma torta, focada na explosão dramatúrgica que a separação matrimonial oferece. Concentrado no processo de descarrego onde ambos liberam seus segredos e monstros do passado, o filme está por todo momento em corda-bamba por se construir de fragmentos - personagens, ambientes - estritamente fabulosos, independente da proposta realista em sua feitura - planos-sequência, closes, etc.

Os Reis do Verão (The Kings of Summer, Reino Unido, 2013) de Jordan Vogt-Roberts

Pode-se resumir Os Reis de Verão como a reimaginação das aventuras adolescentes oitentistas em um ambiente renovado. O filme de Jordan Vogt-Roberts coloca o trio adolescente deslocado em uma floresta, a usando como eixo principal para conflito e redenção que se resolviam antigamente em locais como o colégio ou faculdade. 


O Último Sacramento (The Sacrament, EUA, 2013) de Ti West

Ti West faz o desenho da rotina eclesiástica e a subjetiva chantagem emocional na transformação do éden em inferno em um filme que mal se justifica. Ainda que funcione como narrativa e tenha seu cunho definido lentamente, seu movimento está sempre na parcialidade e na função sensacionalista da câmera.

 O Ato de Matar (The Act of Killing, Dinamarca/Noruega/Reino Unido, 2012) de Joshua Oppenheimer e Christine Cynn

Joshua Oppenheimer oferece a dois integrantes da "milícia oficial" da Indonésia a troca implícita entre o desejo e a verdade. A barbárie justificada por um conceito - oposição e cinema, vem da reconstituição de assassinatos que culminaram num dos maiores banhos de sangue da história. Oppenheimer desafia a vaidade e a consciência de seus "personagens" e de seu público através da linguagem como redenção e também banalização e contradições na figura do vilão.

Young Ones (Idem, EUA, 2014) de Jake Paltrow

Jake Paltrow retorna à direção em um filme justificado pelo futuro apocalíptico e que estranhamente pousa no terreno dos westerns de Howard Hawks - por gênero e pela relação e construção de personagens. Enquanto Paltrow se concentra nesta brincadeira, o filme parece muito interessante. Logo o filme toma o caminho mais previsível, entre a sustentação do drama e os conflitos que os sinais do apocalipse implicam.

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