O MUNDO IMAGINÁRIO DO DR. PARNASSUS

 

De todas as particularidades que Terry Gilliam carrega em sua filmografia, arrisco em dizer que a maior delas é a maneira como o diretor inglês manipula o impactante visual de suas obras para tornar-los em uma poderosa analogia ou até mesmo num personagem. Brazil e o mais recente Contraponto são bons exemplos desta faceta de Gilliam. Em O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus a história não é diferente. De um mundo melancólico, sujo e sempre em estado de alerta (coincidência?), Gilliam utiliza o mágico espelho de Parnassus para entrarmos num mundo dito perfeito por cada um que tem a chance de atravessá-lo.

Desta vez as analogias são religiosas e políticas. A primeira é mais escrachada e até onde pode Gilliam não poupa críticas às doutrinas religiosas e que sua posição sobre elas é que tudo não passa de um conto de fadas. As políticas são mais discretas e se confundem com todo aparato cômico para a trama se tornar numa aventura acessível ao público mais jovem.

Na trama, Dr. Parnassus (Christopher Plummer) vive das apresentações de seus espetáculos falidos pela cidade e já conformado com o fracasso que durará a eternidade, ele vê sua sorte mudar quando encontra Tony (Heath Ledger), aparentemente morto numa ponte da cidade. Parnassus faz uma segunda e arriscada aposta com o demônio (Tom Waits, muito bom vê-lo em cena) e quem conseguir conquistar cinco almas em primeiro, terá posse da filha do Doutor, Valentina (Lily Cole). Pelos mandamentos, ela pertencerá ao tinhoso ao completar os dezesseis anos de idade. A partir daí, sobre a previsibilidade de uma separação brutal de comportamento para cada personagem, o filme se desenvolve.

A mesmice em relação às outras obras de Gilliam acaba por enfraquecer a persuasão do roteiro ao envolvimento do espectador. Tudo parece calculado o suficiente para parecer uma obra de autor. Já a tão comentada atuação de Heath Ledger, é de fato, uma potência considerável para o filme. Infelizmente, teve de ser substituído pelos nada inspirados Johnny Depp, Jude Law e Colin Farrel.
De qualquer modo, o visual continua sendo um personagem e também um espetáculo a parte. Nele, boa parte da potência do filme é depositada e consegue uma resposta a altura. Já o roteiro não consegue conduzir com a mesma equivalência a atenção do espectador. Consequentemente, o resultado final de O Mundo Imaginário de Dr. Parnassus é irregular. 

O Mundo Imaginário de Dr. Parnassus (The Imaginarium of Doctor Parnassus, Inglaterra/Canadá/França, 2009) de Terry Gilliam

5 comentários:

  1. Este preciso conferir, desde que li a produção e vi o trailer - me senti atraído, fora que observar um pouco mais do Heath é sempre algo saudoso pra mim.

    Obrigado pelo comentário no meu espaço, apareça lá pra me ler mais vezes, tem muitos filmes lá que acho que te interessa. Nem todos são gls, mas tem que ter a ver com o contexto do blog mesmo.

    Este que me falou desconheço, mas vou acatar tua dica e vê-lo.

    Já li quase todo seu arquivo, vou te lendo aos poucos. Abraço

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  2. Se quiser me linkar por aqui, agradeço.

    Tem msn? abração!

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  3. A meio, a ousadia delirante torna-o num espectáculo bizarro, que acaba por causar estranheza no espectador. Perde em complexidade e profundidade argumentativa, o que faz com que não seja o filme genial que poderia ser, mas acaba por ser uma obra surpreendentemente agradável. Especialmente para os fãs do género fantástico.

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  4. eu achava ele bonito, simpático, charmoso E especialmente bom ator

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  5. porra, blog de elite! parabéns!

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