TOMBOY


Adaptar e ser. E o abismo entre os dois verbos. Tomboy em sua superfície pode ser um conto sobre a estranheza de ir contra sua natureza, porém, a diretora Céline Sciamma profetiza os demônios da vida adulta para Laure (a incrível estreante Zoé Héran) presa a inocência da infância e que se opõe a submissão dos padrões. Para ela, a existência está na pele Mikael, um menino que acabara de se mudar e que arrumou novos amigos.

Tudo parece absolutamente natural, até mesmo os atalhos que Laure tem que pegar para continuar sendo quem ela realmente é. Sciamma delicadamente muda de ótica e expõe a protagonista às turbulências das obrigações de ter uma identidade, ter um rótulo. Se a infância é o momento de descobertas, ela também é a casa da sinceridade. Crianças nunca esconderão suas opiniões.

A chegada prematura à maturidade não inibe o lado lúdico que a promessa de laços eternos que marcam a infância. Como Sciamma profetiza através do derredor de sua obra, silenciosa e intensamente metafórica, o futuro de Laure se estabilizará quando o abismo acabar. Quando Mikael e Laure se encontrarem.

★★★★
Tomboy (Idem, França, 2011) de Céline Sciamma

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