MILAGRE EM ST'ANNA


Adaptado do romance de James Mcbride, Milagre em St'Anna mostra como Spike Lee consegue colocar o seu foco em diversos aspectos sociais contemporâneos em um filme que se passa durante a segunda guerra. Mas o que poderia usar a guerra apenas como pano de fundo, Lee consegue usar a luta contra o exército de Hitler como uma grande lavanca para justificar a carga dramática entre a relação dos soldados.

A nonagésima segunda divisão de infantaria americana, mais conhecida como Buffalo Soldiers, composta por soldados negros apenas, após ultrapassar a fronteira do exército alemão vão parar em um vilarejo italiano e são obrigados a enfrentar não só o racismo vindo do próprio exército americano, mas a desconfiança clara dos fascistas não declarados da terra da macarronada através do convívio obrigatório.

E como em toda guerra, inocentes são atingidos pela opressão, pelo ódio, por balas e por interesses. Alguns perdem pessoas mais próximas e outras viram álibis. E destas duas formas que o diretor conduz o exército a revelar o que há em qualquer coração de maneira bastante emotiva: O amor e o ódio.

E na Itália, um país que tem sua esmagadora maioria católica, quem mostra ter fé mesmo são os soldados americanos, que no geral não se desprendem do espiritual e da inocência sugerida por Jesus. Mas todo o peso da guerra parece ameaçar a inocência do coração do garoto Ângelo, que assistiu a terríveis massacres do exército de alemão, mas que se acalma quando o amor ao próximo surge o mantém vivo e são no meio do até então desconhecido caos.
Mas não se trata de uma história sobre a perda de inocência. Spike Lee não tem um único foco, ele consegue abrir um leque e cria laços com cada personagem a ponto de criar pequenos núcleos para cada um deles, com personagens e emoções distintas, mas que possui uma automática ligação com o resto do grupo.

A influência do cinema de Martin Scorsese é explícita. A atmosfera e cada plano do filme respiram elegância, mesmo com a imundice humana clara a cada corte. Milagre em St'Anna é mais que a união entre a fé e o desespero. É uma detalhada forma de se retratar a segunda guerra e os interesses maiores que ordens dos respectivos chefões. Os lados da moeda e o que cada um há de colher.

★★★★
Milagre em St'Anna(Miracle at St. Anna, EUA/Itália 2008)de Spike Lee

4 comentários:

  1. Pô, mesmo a critica falando mal, seu texto me fez dar uma segunda chance pro filme. Verei-o.

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  2. Puxando uma carona na sua indicação da semana, vim cobrar de você (cobrar? hahaha) uma suposta resenha do futuro filme que ainda não tem data de lançamento do Aluisio Abranches, que pela tamanha polêmica que rola por aí, você já deve conheer…'Do Começo Ao Fim' parece que vai render bons comentários por aí, e talvez como Carreiras não fique tanto tempo no cinema (se for!)…Só para você não esquecer quando tiver notícias sobre…! rsrsAté mais!

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  3. Muito bom texto para um filme que eu quero conferir bastante.

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  4. É, filmes de guerra não são os mais cativantes para mim.. mas sempre vejo em se tratando de filmes dirigidos por grandes diretores.:)

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