A TETA ASSUSTADA


Mãos leves. Talvez seja essa a maior virtude de Claudia Llosa, diretora de A Teta Assustada, filme vencedor do Urso de ouro do festival de Berlim deste ano. Claudia tem mãos leves para dirigir seu elenco e a câmera para mostrar de forma subjetiva a trajetória de uma mulher para superar traumas e maldições hereditárias.
Quadros montados de forma minuciosa para pontuar os sentimentos de Fausta, mulher que carrega em si a dor transmitida pela mãe, vítima do extinto costume de homens de estuprar mulheres em Lima, na época da guerra do terrorismo. Transportada em forma de doença, chamada teta assustada, Fausta parece viver no dilema de se entregar para a pressão da dor e da tristeza deixada pela mãe ou seguir as oportunidades de uma vida melhor colocadas em formas metafóricas, que de certa forma a empatia com o público por não se focar em aspectos trágicos e não seguir para o absurdo, algo que o roteiro tem aberturas suficientes para fazer, mas tem a acertada escolha de ir para o caminho mais sóbrio.

Com sua forma delicada de dirigir, Claudia envolve sua narrativa numa esfera melancólica, por vezes apática e dormente, mas em nenhum momento deixa isso vire uma ladeira para a quebra de ritmo do filme, pois não só tem cartas na manga para colocar lombadas no texto como a edição ritmada de Frank Gutierrez faz com que isso não passe de uma ameaça. Se por um lado essa atmosfera melancólica transcorre pelo filme, esteticamente ele é multicolorido e com situações que criam uma gangorra de sensações, já que estamos dentro de festas, casamentos e celebrações, mas com o peso que Fausta tem que carregar e ensaia enterrar, literalmente, diversas vezes.

A Teta Assustada é a forma de mostrar a busca pela liberdade de um povo que outrora foi oprimido pelo terror, mas que sofreu suas conseqüências e que faria o mais improvável para se defender, mesmo que isso pudesse custar caro demais.


A Teta Assutada (La Teta Asustada, Peru/Espanha, 2009) de Claudia Llosa

4 comentários:

  1. Esse filme chamou minha atenção desde que venceu o prêmio máximo em Berlim e certamente era um dos que mais aguardava nesse ano. Pena que a distribuição não está lá essas coisas e ainda não chegou por aqui…

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  2. Huuum, a história parece interessante! Fiquei curioso quando ganhou o Urso de Ouro, mas não sabia nada sobre o enredo. Agora lendo seu post deu ainda mais vontade de ver… tenho a impressão de que é lento. Estou enganado?

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  3. Já é o segundo texto que coloca o filme num patamar de exceleência. Eu devo confessar que acho a idéia do filme MUITO esquisita e tenho medo de ver o filme, hahahaha.Abs!

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  4. Definitivamente, preciso ver. É dos meus, rs.

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