GIRIMUNHO


Em Girimunho, a câmera de Helvécio Marins Jr. e Clarissa Campolina é observadora, coadjuvante e expositiva. As locações se transformam lentamente em um personagem fundamental – ser o local, pertencer a ele e tê-lo como sua extensão. O tom documental amplifica a abordagem poética desta jornada espiritual sobre vida e morte.

O cotidiano de Batsu (a excelente Maria Sebastiana) é a estrutura para Marins e Campolina traçarem limites ao luto e a sanidade de sua protagonista; Girimunho ganha traços oníricos enquanto iguala o cinema aos sonhos e a multiplicidade da imaginação em devaneios e expurgação das mais variadas formas.

Fé, saudade, identidade e religião se confundem nas ruas de São Romão, interior de Minas Gerais. Espanta a verossimilhança aos impulsos que chamamos de realidade ou o que acontece quando as câmeras se desligam. Girimunho tem a leveza de um breve momento de paz e contemplação com a força de uma indagação sobre o sentido de ser em forma poética, sem cartilhas, apenas instinto.

★★★★
Girimunho (Idem, Brasil, 2011) de Helvécio Marins Jr. e Clarissa Campolina

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