O LADO BOM DA VIDA


Caminho concretizado no cinema de David O. Russel, o olhar minucioso e acessível do subúrbio americano se faz presente em O Lado Bom da Vida para, em trama agridoce, analisar mazelas emocionais e caminhos de superação dos novos tempos.

Previsibilidades à parte, o que delineia o filme – relações ambíguas – nada mais faz que o estudo minucioso de uma geração intolerante às decepções e, naturalmente, propensa a frequentes quedas. Relutantes a qualquer mudança de curso, Pat (Bradley Cooper) e Tiffany (Jennifer Lawrence) amplificam a dor através da nostalgia. Em extremo oposto, está Pat Sr. (Robert De Niro), homem que está em constante relação com o azar.

A posse da vitória ou a consciência capitalista de sucesso afeta o cotidiano de Pat – o que há ao redor é efêmero à primeira vista, mas O. Russel desenha com primor o crescimento deste “monstro”, principalmente por elementos estéticos ou sutis toques de humor. O estranhamento entre Pat e Tiffany passeia por extremos enquanto simultaneamente as noções de familiaridade se mostram intensas – seja em ausência ou torta afinidade.

Justamente nesta equação, que ao primeiro olhar parece impossível de ganhar alguma frequência, é onde O Lado Bom da Vida, sempre de forma prolixa – curiosamente, no eixo narrativo mais óbvio O. Russel permite o silêncio – traz o raio-x da geração que veio antes do imediatismo da internet, que vaga em nostalgia e medo de um futuro trágico. Afinal, o final feliz (silver lining, em inglês) é o que interessa.

O Lado Bom da Vida (Silver Linings Playbook, 2012, EUA) de David O.Russel

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